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Mostrando postagens de 2020

O ANO PERDIDO

O ano da pandemia do coronavírus deixará marcas profundas na educação e nas desigualdades do nosso país, acumulando desafios para o próximo ciclo político e econômico. Não há copo meio vazio ou meio cheio. A educação pública enfrentou um dos piores momentos. Temos um Ministério da Educação esvaziado e omisso na condução da política educacional, incapaz de tomar decisões fundamentais, se movendo a base de pressão social e política. Lembremos do episódio do Exame Nacional do Ensino Médio-Enem, adiado com muito custo e resistência. Lembremos do ensino remoto que só ocorreu graças à atuação do Conselho Nacional de Educação-CNE. Os estudantes da escola pública se viram excluídos do sistema de ensino, enganados por falsas soluções tecnológicas que nunca os alcançaram e sendo descobertos pelo poder público em suas casas, dessa vez não mais como números, mas como gente e gente submetida à desigualdade social e educativa. No entanto, ação que tarda é inócua. Este foi um ano perdido para maioria

CIEP COMO OPORTUNIDADE

Chu En-Lai, primeiro-ministro da China disse “Existe tumulto abaixo do céu e temos oportunidade de acabar com isso”, a frase foi dirigida para Kissinger, secretário de Estado dos Estados Unidos, durante sua visita ao país nos idos de 1971. A frase é toda uma filosofia e prática política que nos custa aprender. É com instituições que vamos combatendo os despotismos. O Centro de Inovação e Conhecimento para a Excelência em Políticas Públicas-CIEP nasceu em meados de abril de 2020, em plena pandemia do coronavírus. A nossa primeira atividade foi dia 3 de abril com o estudante Luiz Eduardo, dialogamos sobre o estudo em casa. Tal tema já enfatizava a educação, a ciência, a tecnologia e a inovação como áreas de interesse principal do CIEP. De lá para cá, realizamos 39 eventos entre webinários, diálogos e debates em âmbito nacional e internacional. Produzimos 15 publicações entre livros ou documentos com acesso público e gratuito, queremos a circulação desse conhecimento. Atualmente, contamos

PROFISSÃO DOCENTE NO BRASIL

Divulgamos recentemente o Retrato da Profissão Docente 2020, produzido pelo Centro de Inovação e Conhecimento para a Excelência em Políticas Públicas-CIEP. Documento aponta avanços e aquilo que ainda precisamos melhorar. Entre os avanços estão a formação inicial de professores, o piso salarial nacional profissional e os programas de formação e apoio à docência. O Brasil tem mais de 2,2 milhões de professores, a maioria deles está na educação básica (no ensino fundamental), portanto, nas redes municipais de ensino. E é nessas redes escolares que as políticas públicas precisam chegar com maior incidência. O magistério é uma profissão majoritariamente feminina, 1,761 milhão são professoras, em sua maioria entre 30 e 49 anos de idade. Há liderança consolidada no âmbito das Secretarias Municipais de Educação. Ainda assim, o Brasil registra Esther de Figueiredo Ferraz como a única Ministra da Educação em nossa história e isso no último governo da Ditadura Militar. Avançamos na qualificação d

SUPERAR A ESCOLA QUE NÃO ENSINA

Nesta Semana em que se comemora o Dia do Professor, reitero que precisamos superar a escola que não ensina em São Luís. Os eleitores perdoam e esquecem os problemas que se acumularam ao longo dos anos, tem o coração generoso. Estamos aqui para refrescar a memória da cidadania. A educação pública municipal de São Luís obteve o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica-Ideb 2019 de 5,1 nos anos iniciais do ensino fundamental e 3,9 nos anos finais do ensino fundamental, 22º e 19º lugar entre as capitais. Entre 2007 e 2019, ou seja, 12 anos, São Luís saiu de 4 para 5,1 nos anos iniciais, sem nunca cumprir a meta do Ideb em cinco edições consecutivas. São Luís levou esse mesmo tempo para sair de 3,5 para 3,9 nos anos finais, sem cumprir a meta do Ideb em três edições sucessivas e retrocedendo do 4,1 obtido em 2009. Nesse ritmo, daqui a 12 anos, isto é, em 2032, São Luís alcançará a meta nacional de 6,0 no Ideb, meta que deveria ser atingida em 2021. No que avançamos nas escolas de São Lu

AINDA HÁ TEMPO PARA A INCLUSÃO DIGITAL?

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-Ipea é uma instituição de estado que muito orgulha o Brasil. Recentemente, o Ipea divulgou nota técnica com o título “Acesso domiciliar à internet e ensino remoto durante a pandemia”. Os pesquisadores utilizaram dados da PNAD Contínua, do Censo Escolar e da Capes para delinear um quadro da população sem acesso à internet em barda larga ou 3G/4G/ em seu domicílio. A falta de acesso se dá especialmente entre os estudantes da pré-escola e ensino fundamental, aproximadamente 4,95 milhões de crianças e adolescentes que estão matriculadas na escola pública, se incluirmos ensino médio e educação superior, esse número chega a 5,8 milhões de estudantes sem acesso à internet. Os pesquisadores analisam os números e nos informam o perfil desses estudantes. Por exemplo, 54% dos que estão na pré-escola e 53% dos que estão no ensino fundamental vivem em domicílios nas áreas rurais. É o caso do menino José Caique que está na 7ª série do ensino fundamental no

DIREITO À CIDADE

O debate sobre o Direito à Cidade é um dos mais pertinentes e necessários na atual conjuntura de eleições municipais de 2020 em contexto mundial inédito de pandemia. O usufruto desse Direito foi profundamente abalado. A pandemia afetou todos os fluxos econômicos, culturais, sociais e afetivos, a exigência do isolamento social para preservação da vida nos colocou em suspenso e nos impediu de circular livremente pela Cidade. O CIEP publicou, recentemente, o documento “Direito à Cidade: elementos para uma nova agenda urbana em São Luís”, trabalho do economista Aziz Santos, acessível no site www.ciepp.org. É uma contribuição fundamental para refletirmos o desafio do Direito à Cidade em São Luís a partir da experiência do autor na gestão municipal onde exerceu os cargos de Secretário Municipal da Fazenda e Vice-prefeito. Portanto, saber de experiência feito que nos aponta as questões urgentes para a cidade. O documento contou com prefácio do economista Raimundo Palhano que afirma “o moment

REPENSAR O BRASIL

    O livro “Repensar o Brasil”, organizado pelo economista Luiz Fernando de Paula, o geógrafo Elias Jabbour e pelo historiador Jhonatan Almada tem por objetivo abrir o debate sobre desenvolvimento do Brasil, às vésperas do Bicentenário da Independência. Os organizadores, inspirados em Ignacio Rangel, situam esse debate na relação intrínseca e necessária entre economia, política e história, tal articulação caracteriza os capítulos reunidos e fundamenta sua contribuição intelectual. O Centro de Inovação e Conhecimento para a Excelência em Políticas Públicas-CIEP e a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia-ABED estão juntos no projeto de publicação, divulgação e disseminação do livro “Repensar o Brasil”. Intelectuais de relevo contribuem com o livro, a exemplo de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Jessé Souza, Luiz Gonzaga Belluzzo, Pedro Paulo Zahluth Bastos, Miguel Bruno, Fabiano Santos, Rafael Moura, Rossini Corrêa, Daniela M. Prates, Barbara Fritz, Armen Mamigonian, Lena Lavin

O DESAFIO DO IDEB

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-INEP divulgou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica-IDEB, referentes a 2019. Durante a coletiva de imprensa afirmaram que o Inep é a Casa de Anísio Teixeira, o qual completa 120 anos de nascimento neste ano. Ter Anísio Teixeira como referência significa rigor e flexibilidade, rigor científico e flexibilidade para mudar, conforme o caráter provisório de todo conhecimento. O Ideb é formado por dois elementos: as notas da Prova Brasil, aplicada de 2 em 2 anos na 5ª e 9ª série do ensino fundamental, e no 3º ano do ensino médio; e o fluxo escolar, especificamente a taxa de aprovação registrada no Censo Escolar. A multiplicação desses dois elementos produz a nota do Ideb. Nem tudo é narrativa. Não podemos torcer a estatística para que ela diga aquilo que desejamos. A escala do Ideb é de 0 a 10, apesar dos avanços e celebrações, nossa educação pública ainda está muito aquém, ainda precisa avançar

Entrevista ao JP sobre o novo Fundeb

  Jh onatan Almada é Diretor do Centro de Inovação e Conhecimento para a Excelência em Políticas Públicas-CIEP (ciepp.org), foi Reitor do IEMA e Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação   JORNAL PEQUENO – Professor, com a promulgação da Emenda Constitucional 108, o Fundeb s e tornou permanente e com mais recursos para a educação pública. Isso basta para melhorar a educação no Brasil? Foi uma vitória importante que demorou cinco anos para ser alcançada, mas não é suficiente para melhorar a educação. O novo Fundeb trará bilhões de reais a mais para investirmos na educação pública, o que representa um salto no valor-aluno-ano de R$ 3.643 para R$ 5.508, conforme projeção da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. Comparando com uma mensalidade escolar, é como se o custo de cada estudante brasileiro saísse de 303 reais para 459 reais por mês. Agora compare com uma escola privada que custa 1,5 mil reais por mês. A média dos países desenvolvidos (da OCDE) é de 8.631 dólares ao a