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O DESAFIO DO IDEB

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-INEP divulgou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica-IDEB, referentes a 2019. Durante a coletiva de imprensa afirmaram que o Inep é a Casa de Anísio Teixeira, o qual completa 120 anos de nascimento neste ano. Ter Anísio Teixeira como referência significa rigor e flexibilidade, rigor científico e flexibilidade para mudar, conforme o caráter provisório de todo conhecimento.

O Ideb é formado por dois elementos: as notas da Prova Brasil, aplicada de 2 em 2 anos na 5ª e 9ª série do ensino fundamental, e no 3º ano do ensino médio; e o fluxo escolar, especificamente a taxa de aprovação registrada no Censo Escolar. A multiplicação desses dois elementos produz a nota do Ideb.

Nem tudo é narrativa. Não podemos torcer a estatística para que ela diga aquilo que desejamos. A escala do Ideb é de 0 a 10, apesar dos avanços e celebrações, nossa educação pública ainda está muito aquém, ainda precisa avançar bastante. Isso só será possível com trabalho focado nas redes municipais de ensino.

O Maranhão ficou em 25º lugar no Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental, com a nota 5,0 e superou a meta de 4,8. Nisso acompanhamos a tendência nacional. Contudo, precisamos registrar que somente 42,5% dos municípios maranhenses cumpriram a meta do Ideb. A responsabilidade do ensino fundamental como um todo é das Prefeituras.

O Ideb do Maranhão nos anos finais do ensino fundamental foi de 4,2 para uma meta de 4,8, o que deu o 22º lugar. O mais grave é que somente 11,2% dos municípios atingiram a meta. O que isso significa? Significa que precisamos assessorar as redes municipais de ensino com mais eficiência, fornecer apoio técnico-pedagógico de fato e premiar as redes com incentivo financeiro, como sugeri com a ideia do ICMS Educação.

O ensino médio do Maranhão obteve 3,7 no Ideb 2019 para uma meta de 4, ficamos em 15º lugar. A tendência de melhoria se registra nas últimas três notas do Ideb, mérito da política educacional do atual governo. Contudo, desde 2011 não atingimos a meta, batemos na trave, mas não marcamos o gol. O avanço tem sido lento, o que evidencia o enorme desafio ainda por ser enfrentado na rede estadual, o desafio da qualidade de aprendizagem.

Preciso comentar os resultados do IEMA, Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, no qual estive como Reitor de março de 2016 a fevereiro de 2020. Planejei, junto com nossa equipe, obter o melhor Ideb, pois seria o nosso primeiro. Trabalhamos com foco, dedicação e determinação, mas o essencial foi motivar com afeto e respeito à nossa comunidade escolar. As unidades do IEMA conquistaram notas de 4,5 a 5,3 no Ideb 2019, acima da média nacional do ensino médio que foi 4,2 e da média estadual que foi 3,7. 

Este foi o legado que deixamos no IEMA, lembrando Anísio Teixeira “a Inovação é, acima de tudo, um novo tipo de ordem, exigindo esforço para implantá-la e permanente esforço em sua conservação. Daí ser tão difícil o nosso trabalho.”

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