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Mostrando postagens de 2012

O MARANHÃO E DUAS DÉCADAS DE EDUCAÇÃO SEM PLANO

Jhonatan Almada, historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago O Instituto Jackson Lago produziu um documento que sintetiza o quadro situacional da educação no Estado do Maranhão. Ele foi elaborado por professores e professoras da Universidade Federal e Estadual do Maranhão em trabalho voluntário e de alta relevância pública. O título que lhe atribuímos foi “Quebrando o silêncio: 23 anos sem Plano Estadual de Educação no Maranhão”. É uma de nossas missões institucionais, refletir sobre os problemas maranhenses e propor encaminhamentos e possíveis soluções para estes, entre esses problemas, o educacional é um dos que mereceu e merece a maior concentração de nossas energias e capacidades. A Comissão Elaboradora invocou como epígrafe um trecho da carta de Paulo Freire a Moacir Gadotti, onde se lê: “Como um educador que jamais acreditou no mito da neutralidade da educação, [estou] convencido de que toda neutralidade afirmada é sempre uma opção escondida” (1992). O

São Luís e a educação sem norte

São Luís e a educação sem norte Jhonatan Almada Historiador, Mestre em Educação pela UFMA e secretário executivo da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae) no Maranhão. Passada a refrega eleitoral, os prefeitos (as) eleitos (as) começam a organizar a transição entre a administração anterior e a futura administração municipal. Esse período sempre carreou muitos problemas nas últimas décadas, especialmente pela tendência da “queima de arquivo”. Tradicionalmente, os antigos administradores que não conseguem se reeleger ou eleger o sucessor praticam a queima dos documentos, computadores e outros materiais ligados a memória institucional da Prefeitura. Impossibilitam, assim, que os novos gestores tenham conhecimento do feito, do pendente e do não cumprido. Quase sempre, a transição não ocorre de maneira republicana e transparente. Espero que não seja o caso de São Luís. As primeiras declarações do novo prefeito de São Luís, Edvaldo Holanda Júnior, d

Uma Fortaleza para a Oposição no Maranhão

UMA FORTALEZA PARA A OPOSIÇÃO NO MARANHÃO Jhonatan Almada, historiador. É comum a expressão de que só se decide uma eleição quando as urnas são abertas e os votos contados. A expressão nasceu quando as urnas ainda não eram eletrônicas. Atualizando-a, diríamos que a eleição só é decidida quando os votos estão on-line. No entanto, a política é a arte de perfurar grossas vigas de madeira com os dedos das mãos, exige habilidade, inteligência, paciência, plasticidade e persistência. A análise aqui esboçada é um exercício dessa política e nos leva a perceber que as eleições municipais de 2012, no seu conjunto, evidenciam algumas permanências e tendências, as quais terão reflexo nas eleições de 2014. A primeira permanência é a poder do Governo do Estado em influenciar e controlar a maioria dos municípios maranhenses. A instável base de apoio partidária do governo Roseana Sarney elegeu um percentual significativo de prefeitos e vereadores, menciona-se 90% dos municípios como um

Ousar Vencer

OUSAR VENCER Jhonatan Almada, historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago. Quem conhece a trajetória política de Léo Costa e partilha de sua agradável companhia sabe da inventividade, inteligência e capacidade criadora que o caracterizam. Se falarmos de coerência e lealdade é impossível não mencioná-lo. Companheiro do dr. Jackson Lago desde os primórdios, um dos fundadores e históricos do Partido Democrático Trabalhista (PDT), construiu uma relação de confiança com o saudoso político, prefeito de São Luís por três mandatos e governador do Maranhão. Entretanto, o que demarca a vitória eleitoral em Barreirinhas é a ousadia de Leo Costa. Ousadia em enfrentar um dos principais representantes da oligarquia local rediviva, praticamente só, com as próprias mãos e as do que se juntaram e acreditaram na sua navegação. Ousadia de vencer a eleição contra um dos esquemas mais poderosos, espúrios e atrasados da política maranhense e brasileira. A derrota de Albéri

Neruda no meu coração

NERUDA NO MEU CORAÇÃO Jhonatan Almada,  historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago Meu primeiro contato com o poeta Pablo Neruda (1904-1973) foi por meio de um curto trecho dos seus mais conhecidos versos: “Puedo escribir los versos más tristes esta noche”. Encontrei-o perdido nessas revistas de literatura que se compram em bancas. A força desse trecho foi suficiente para instigar-me a conhecê-lo e conhecendo-o, admirá-lo. Meu outro encontro com o poeta ocorreu quando ganhei de presente um livro de minha madrinha, Marieta. O livro “Estrela da Vida Inteira” compila a produção poética de Manuel Bandeira. Quase no meio do livro, está lá “No vosso e em meu coração”, rememorando o grito do poeta contra o franquismo, a opressão e a traição. Altamente exclamava um poeta pela voz do outro: “A Espanha de Franco, não!”. A vida inteira, Pablo Neruda manteve sua coerência intelectual e política em defesa das classes excluídas, dos menos favorecidos, dos esquec

São Luís à flor da pele

São Luís à flor da pele [1] São Luís francesa, São Luís holandesa, São Luís africana, São Luís lusitana, São Luís brasileira, São Luís patrimônio da humanidade inteira. São Luís de muitas faces e ao mesmo tempo uma, íntegra, permanente. Caleidoscópio de etnias e culturas que aqui se amalgamaram, se dilaceraram, se entrelaçaram para, finalmente, gerarem um novo ímpar nas suas manifestações de trabalho, de amor e de cultura. Nossa São Luís chega a 385 anos [400 anos]. Cidade de poetas e de musicalidade à flor da pele, ela enfrenta altaneira as dificuldades que surgem à sua frente. Para isso, alia trabalho, crença e essa qualidade tão nossa que é a de não desesperar, mesmo assomando tantos desafios. São Luís é assim. Plasmada em tempos heroicos de guerras, conquistas e piratarias, mas amante da paz, da criação artística e cultural. Na cultura, é Atenas e é Jamaica. É Brasil e universo. São Luís de cultura particular, mas cidadã do mundo e patrimônio da humanidade. Esta

A Pedagogia da Greve

A PEDAGOGIA DA GREVE Jhonatan Almada* A greve é um ato legítimo de todo trabalhador ou trabalhadora. A greve não nasceu de uma regulamentação do Estado capitalista contemporâneo, nasceu da mobilização e organização dos trabalhadores na luta contra as condições precárias de trabalho, remuneração, alimentação, educação, saúde, transporte e moradia, necessidades básicas que mais tarde se tornaram direitos conquistados, ainda que continuem precariamente satisfeitos e permanentemente atacados. A luta foi contra as condições de trabalho existentes na economia capitalista. A resposta dos donos do capital foi terceirizar a maior parte do problema para o Estado. Este, por sua vez, socializou os custos desses direitos com a maioria que paga os impostos. No entanto, o Estado não devolve esses impostos em serviços públicos com quantidade-qualidade necessários e suficientes, dado que o fundo público é majoritariamente direcionado para o pagamento dos juros da dívida pública, afora os des

Diálogos Jackson Lago, 2a edição

Ainda a Dívida Pública

Reproduzo postagem feita neste blog em 2009, quando alertava para o aumento da dívida pública no Governo Roseana Sarney. Recentemente, a governadora foi ao jornal comemorar o aumento do limite de endividamento do Governo Estadual. A oposição que se prepare, assim que terminar esse mandato em 2014, Roseana Sarney não deixará 1 centavo de real no cofre. O Prof. Dr. José Menezes Gomes, da Universidade Federal do Maranhão, conduz uma pesquisa sobre dívida pública no âmbito do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da UFMA. A publicação dos resultados trará novos elementos para compreensão desse endividamento crescente. ------------------------------------------------------------------------ A dívida pública do Maranhão crescerá A dívida pública do Maranhão crescerá Por Jhonatan Almada Não sei se passou despercebida a notinha publicada hoje no jornal O Estado do Maranhão, comemorando a obtenção de decisões judiciais para aumentar o endividamente do Governo Estadual,

SÃO LUÍS E A EDUCAÇÃO SEM PLANO

SÃO LUÍS E A EDUCAÇÃO SEM PLANO Jhonatan Almada , historiador, primeiro secretário do Instituto Jackson Lago e secretário executivo da Associação Nacional de Política e Administração da Educação/Seção Maranhão. Um avanço importante da legislação eleitoral, pouco comentado, além da chamada Lei da Ficha Limpa, foi a Lei N.º 12.034/2009.  Dentre outras alterações, essa lei passou a obrigar que as propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República, fossem entregues quando da inscrição da candidatura junto a Justiça Eleitoral. Graças a essa mudança na legislação eleitoral podemos consultar os programas de governo de todos os candidatos à Prefeito de São Luís. O Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão disponibilizou os referidos programas no seu “site” institucional, facilitando essa consulta. Consultadas essas propostas, podemos afirmar, sem brumas no pensamento, que nenhum dos postulantes ao cargo de prefeito da cidade faz

O Delírio do Secretário

O DELÍRIO DO SECRETÁRIO Jhonatan Almada, historiador e primeiro-secretário do Instituto Jackson Lago Neil Gaiman, escritor e autor estadunidense de histórias em quadrinhos, nascido em 1960, compôs uma das mais reconhecidas e premiadas Graphics Novel dos últimos tempos, chama-se Sandman. A história gira em torno do personagem Sonho (Dream), principal irmão dos sete “perpétuos”, formados por Destino (Destiny), Morte (Death), Destruição (Destruction), Desejo (Desire), Desespero (Despair) e Delírio (Delirium). Delírio é representado por uma jovem mulher que ostenta vários títulos, entre eles, o de Rainha dos Loucos e Rainha dos Bêbados. Ela enxerga o mundo de um jeito único, devido aos seus olhos, um azul e outro verde. É um amontoado de fragmentos, ideias e sua sombra nunca tem qualquer relação com a forma do corpo. De todos os perpétuos é a mais mutável, instável e inconstante. Delírio visita regularmente o Maranhão e fez morada no principal grupo político local, lide

Márcio Pochmann, a renovação no auge

Márcio Pochmann, a renovação no auge Por Jhonatan Almada, historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago A renovação geracional da política é curiosa no Brasil. A depender de onde se olha, terá ares de verdadeira renovação ou de renovação às avessas. Penso na nova geração de políticos que se apresentam pela primeira vez nas eleições de 2012. Se atentarmos para o quadro de São Paulo, de fato, aparentemente percebemos uma renovação. Por outro lado, no Maranhão, nem isso, percebemos uma renovação às avessas ou tradicional, ligada ao parentesco social ampliado. Para os mais críticos, como o blogueiro César Bello, trata-se da chegada da “geração cruz-credo” ao poder, entre seus representantes temos Paulo Marinho Junior, Renato Archer Junior, Edinho Lobão, Alberto Filho, Adriano Sarney, Roberto Costa, Priscylla Sá, dentre outros. Todos vinculados a famílias políticas tradicionais, pretéritas nas ideias e nas práticas, novos apenas no que se refere à faixa etária. Em

O MARANHÃO DA CONFIANÇA

O MARANHÃO DA CONFIANÇA Jhonatan Almada , historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago O concurso público é o instrumento mais republicano para o ingresso na burocracia de Estado. Dentre todos os poderes da República, talvez o Poder Executivo na esfera federal seja o que mais avançou em regularidade, abrangência e exigências. Caminho iniciado a partir do trabalho do velho DASP, criado sob o governo Getúlio Vargas, nos idos de 1930.  Os que chegaram por último nesse campo, foram os Poderes Legislativo e Judiciário. Nas três últimas décadas tem conseguido alguns avanços. Contudo, todos os três Poderes nas várias esferas nutrem seus exércitos de cargos comissionados e de confiança, distribuídos com base em critérios obtusos e nebulosos. Quando atentamos para a esfera estadual a situação se torna mais grave. O Instituto Jackson Lago tem realizado um trabalho de resgate da memória do Governo Jackson Lago (2007-2009). Dentre os achados de pesquisa, estão documento