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Uma Fortaleza para a Oposição no Maranhão


UMA FORTALEZA PARA A OPOSIÇÃO NO MARANHÃO

Jhonatan Almada, historiador.

É comum a expressão de que só se decide uma eleição quando as urnas são abertas e os votos contados. A expressão nasceu quando as urnas ainda não eram eletrônicas. Atualizando-a, diríamos que a eleição só é decidida quando os votos estão on-line. No entanto, a política é a arte de perfurar grossas vigas de madeira com os dedos das mãos, exige habilidade, inteligência, paciência, plasticidade e persistência. A análise aqui esboçada é um exercício dessa política e nos leva a perceber que as eleições municipais de 2012, no seu conjunto, evidenciam algumas permanências e tendências, as quais terão reflexo nas eleições de 2014.

A primeira permanência é a poder do Governo do Estado em influenciar e controlar a maioria dos municípios maranhenses. A instável base de apoio partidária do governo Roseana Sarney elegeu um percentual significativo de prefeitos e vereadores, menciona-se 90% dos municípios como um número quase mágico. Até aqui nenhuma novidade, mas sim, duas preocupações.

Se antes, esse grupo político sempre manteve o controle dos chamados “grotões” pelos quais se elegia com folga, nesta eleição, observamos dois movimentos importantes. A criação de um cordão de isolamento no entorno da capital, pois elegeram/reelegeram prefeitos em três dos quatro municípios da ilha (São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa). Além da expansão/renovação de sua influência em alguns municípios médios (Açailândia, Bacabal, Barra do Corda, Coroatá, Santa Luzia).

É claro que Imperatriz não entra nesse cômputo. Uma coisa é ter apoiado o prefeito eleito, Sebastião Madeira. Outra coisa, totalmente diferente, é convencer os imperatrizenses, milhões de vezes mais rebeldes que os eleitores de São Luís, a votarem em um candidato a governador, apoiado pelo grupo político de Roseana Sarney. Essa mágica, nem José Sarney, com sua velha matreirice, ainda não conseguiu inventar. Esse raciocínio, de forma prudente, também se aplica ao eleitorado dos municípios que o grupo da governadora conta como pertencentes a sua base aliada.

Uma segunda permanência é a ausência de lideranças novas no grupo político dominante. Até o presente momento esse grupo não tem candidato competitivo para as eleições de 2014. Luiz Fernando, Edson Lobão ou Gastão Vieira não são páreos para a oposição por inúmeros motivos, entre eles, o fato de não possuírem carisma ou capacidade de liderança estadual. Suaviza-se esse segundo motivo quando pensamos em Edson Lobão e sua capilaridade eleitoral individual, contudo, numa campanha estadual polarizada, viriam à tona, inúmeros problemas de sua gestão quando governador e da sua questionável administração no Ministério de Minas e Energia, dourada pela mídia hegemônica. Entretanto, mesmo o miraculoso marketing eleitoral teria dificuldades em transformar qualquer um deles em algo mais do que postes sem luz.

Uma terceira permanência é a incapacidade do grupo político da governadora Roseana Sarney, vencer em São Luís uma eleição para prefeito. Por mais dinheiro que se gaste, por mais que se invista em obras inócuas, por mais propaganda que se faça de uma São Luís fictícia criada pelo Governo do Estado, nada, absolutamente nada, os faz eleger um prefeito em São Luís. Ainda existe certo antisarneizismo na capital. Não se sabe até quando ele durará, porém, se tem clareza de que terá peso em 2014.

Uma tendência importante é a renovação geracional de políticos, ainda que alguns pertençam a famílias políticas tradicionais ou a famílias políticas profissionais. Novas gerações chegaram ao poder, tanto os descendentes ligados ao grupo político dominante, quanto os descendentes ligados ao novo grupo político que está se formando no campo da oposição. Nesse sentido, há o claro fortalecimento do Partido Socialista Brasileiro (PSB), seguindo uma tendência nacional e carreando sustância ao projeto de poder liderado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. As vitórias em Caxias, Timon, Santa Inês e Balsas, dentre outros municípios menores, são expressivas desse veio.

Assim, vinculada a essa renovação, uma segunda tendência emergente é o fortalecimento da oposição e do grupo político liderado pelo presidente da Embratur, Flávio Dino, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Isso pode ser constatado pelas vitórias expressivas nos principais colégios eleitorais do Maranhão, com Léo Coutinho em Caxias; Luciano Leitoa em Timon; Dr. Ribamar em Santa Inês e Rochinha em Balsas. E claro, a vitória de Léo Costa em Barreirinhas, juntamente com a eleição de prefeitos e prefeitas dos partidos do campo da oposição em 43 municípios no total. Todos estes, parabenizo, desejando que realizem uma administração de referência e excelência, isso é o que realmente fará a diferença em relação aos 90% de prefeitos e prefeitas sob o mando do grupo político de Roseana Sarney.

Uma terceira tendência, vinculada a anterior, é a de vitória de Edvaldo Holanda Jr no segundo turno das eleições em São Luís. Seria a oportunidade histórica de aposentar um político tradicional e superado, como João Castelo. Construindo uma boa administração municipal, Edvaldo Holanda Jr estabeleceria as bases de uma verdadeira fortaleza da oposição para as eleições de 2014. Fundamental para isso é contar com um projeto claro de governo, quadros técnicos de qualidade, planejamento e gestão intersetorial por macroproblemas, ousadia, ímpeto e arrojo desde o primeiro ano de administração.

Afirmar que não há diferenças entre um e outro, entre João Castelo e Edvaldo Holanda Jr é equivocado e temerário. Equivocado por que ignoram as diferenças geracionais, de carreira, de formação, de base política e de projeto de governo, todas favoráveis a Edvaldo. Temerário por que é perder a oportunidade ímpar de uma unidade no campo das oposições em nome de um novo projeto unitário de poder, o qual possa finalmente sepultar em vida o grupo político dominante e alguns grupos políticos tradicionais. 

Assim sendo, espero que sem equívocos ou temeridades, essa leitura contribua para enlevar os indecisos/neutros para uma unidade de apoio a candidatura de Edvaldo Holanda Jr, tendo em vista um novo projeto de poder no médio e longo prazo, com grande potencialidade para a mudança.

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