Uma das reuniões mais importantes desse período de transição foi o encontro entre o presidente eleito e Vivianne Senna, na ocasião ela representou o Todos pela Educação. A equipe que aos poucos se dá conta da complexidade do país e da ausência de proposta concreta para a área educacional. Poucos perceberam, mas durante a campanha eleitoral, candidatos convergiram em um aspecto: nossas crianças e jovens não aprendem ou aprendem pouco. Por outro lado, o presidente eleito errou nas causas do problema, doutrinação comunista, ideologia de gênero e a pedagogia de Paulo Freire nunca foram, nem nunca serão causas do nosso baixíssimo desempenho em termos de aprendizado.
Vivianne apresentou o problema, os dois maiores desafios para superá-lo e uma proposta de agenda de política educacional (do movimento Todos pela Educação), desconhecida por quem venceu a eleição e rejeitada à esquerda. Essa agenda não agrada àqueles que se limitam à pauta identitária, reinvindicações de investimento sem a necessidade de prestar contas à sociedade e aos que secundarizaram a gestão escolar.
O problema educacional brasileiro: cada 100 estudantes que ingressam na escola, 86 concluem os anos iniciais do ensino fundamental, 76 concluem os anos finais do fundamental e somente 59 concluem o ensino médio. O mais grave: 27,5% tem aprendizagem adequada de língua portuguesa e 7,3% tem aprendizagem adequada de matemática. Eis o problema central.
Os dois desafios mais importantes são de ordem técnica e política. O desafio técnico consiste no fato de que políticas educacionais essenciais para aprendizagem, já consolidadas pela literatura, não estão presentes em muitas das redes de ensino; possuímos frágil estrutura de gestão e implementação da política educacional em todos os níveis da federação e nos falta uma estratégia nacional sistêmica que dê coerência às políticas educacionais adotadas, apesar de existirem os planos nacionais, estaduais e municipais de educação.
O desafio político é fazer a blindagem da gestão educacional em relação a clientelismos, seja em nível federal, estadual ou municipal; estruturação de equipes de alta qualidade técnica; decisão de dar continuidade às políticas de sucesso iniciadas por gestões anteriores; compromisso com a implantação de ações respaldadas pelas evidências e pelo conhecimento acumulado e força política para enfrentar eventuais resistências a processos de mudança.
A agenda proposta por Vivianne passa pela reforma curricular, fortalecimento da oferta de educação profissional, ampliação da jornada escolar, aprimorar a infraestrutura escolar, profissionalizar a gestão escolar e valorização e profissionalização da carreira docente. Todos nós acompanhamos o desdobramento dessa reunião, a agenda apresentada foi ignorada e priorizaram os falsos problemas, tal como Dom Quixote confundiram moinhos de vento com gigantes assustadores.
Nenhum governo será bem-sucedido na área de educação sem respostas críveis, eficazes, eficientes e referenciadas para o déficit de aprendizagem dos nossos estudantes, os problemas de arquitetura curricular, o baixo incentivo ao protagonismo juvenil e conexão com o interesse dos jovens e a atual oferta de educação profissional aquém das necessidades.
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