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APRENDIZADOS PARA NOVAS NAVEGAÇÕES

Esta semana as avaliações internacionais reafirmaram algo que os resultados de desempenho da Rede Federal de Educação Profissional já apontavam.

A Fundação Lemann trouxe o PISA-S, exame da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico-OCDE, com recorte para a avaliação das escolas e o aplicou em escolas de 6 estados brasileiros. Chama a atenção o desempenho das escolas do Centro Paula Souza de São Paulo, co-irmão do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão-IEMA. O ensino médio integrado à educação profissional obteve excepcional resultado.

O Centro Paula Souza é organizado em Etecs (nível médio) e Fatecs (nível superior). As Etecs avaliadas superaram Finlândia, Canadá e Japão em matemática, ciências e leitura. Escolas como a Etec Jardim Ângela localizada no bairro com quarto pior IDH da capital São Paulo.

Laura Lagná que é a superintendente do Centro Paula Souza, destaca quatro aspectos para esse resultado: capacitação de professores em metodologias ativas, foco na orientação pedagógica, atualização dos currículos em consonância com o mercado e monitoramento dos indicadores. É certo que o Centro promove um vestibulinho algo que também contribui para selecionar os estudantes que ingressam no nível médio, como fazem as escolas militares e a Rede Federal.

Segundo Laura a educação profissional se aproxima dos anseios dos estudantes, está conectada com o mundo do trabalho, desenvolve competências atitudinais e socioemocionais, ajudando o estudante a elaborar um projeto de vida e de carreira. O que é animador nesse resultado obtido pelo Centro Paula Souza? É que os elementos apontados como explicadores estão presentes no modelo do IEMA implantado no Maranhão pelo Governo Flávio Dino. O caminho escolhido está correto.

O que é mais importante em uma instituição de ensino? Se os estudantes estão de fato aprendendo e se os seus egressos conseguem realizar projetos de vida exitosos, esses projetos podem ser ingressar no mundo do trabalho, empreender o próprio negócio ou continuar estudando na Universidade. Nenhum deles pode ser tratado como destino. Devemos dar as condições para que os estudantes façam essa escolha, eis a meu ver nossa missão, isso leva tempo e perseverança nos constantes solavancos desse nosso país tão complexo e desigual.

O Brasil demorou a cuidar da educação básica. Fez isso ao longo dos anos 1990 com a expansão do ensino fundamental, descontinuando as políticas anteriores que tinham por foco a educação infantil. Na década seguinte deveríamos ter priorizado a qualidade do ensino fundamental, equacionada tal situação, poderíamos avançar para a problemática do ensino médio, confluindo na educação superior.

Os movimentos das políticas públicas de educação foram erráticos. Iniciávamos programas e depois os esquecíamos. O investimento do Governo Federal em diferentes etapas da educação simultaneamente evidenciou a incapacidade gerencial de concluir todas as obras ou manter serviços públicos. A chegada da crise econômica e política produziu cemitério de obras pelo país e o arrocho no custeio das instituições federais de ensino e pesquisa.

É chave reconhecer que não vivemos a perfeição, algo muito mais divino do que humano. Os problemas existem e quando resolvidos, novos surgem, isso é da dinâmica da realidade social. Não podemos ficar sentados com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar.

É fato que não há dinheiro para tudo e não se descarta a relevância do que fizemos até aqui como país. No entanto, não será possível continuar sem perceber aquilo que mudou. Captando o espírito do tempo há que se recolher os aprendizados para as novas navegações.

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