Jhonatan
Almada, historiador
Um grande tema de
preocupação no campo da ciência, tecnologia e inovação é a inexistência de
estratégia articuladora de longo prazo. Ao contrário de políticas com a da
educação, não dispomos de plano de longo prazo enquanto uma determinação legal.
Existem documentos com recorte regional ou temporalidade quadrienal, essa
ausência se manifesta também no âmbito dos estados e municípios.
Faz sentido falar de
Plano em um mundo onde tudo se acelera e a confiança no Estado e seus agentes é
cada vez menor? Essa pergunta surge rapidamente em sociedades do Ocidente. Entretanto,
não faz nenhum sentido em países como a China ou Índia cujos planos quinquenais
sobreviveram às críticas neoliberais. Boa parte dos avanços obtidos em termos
de produção científica, tecnologia, formação técnica e superior nesses países vieram
dessa capacidade de planejamento e execução.
Milhares de anos e duro
aprendizado permitiram que superassem também o julgo colonial do Ocidente, cuja
opressão sofreram até meados do século XXI.
O Brasil comparativamente
não consegue encetar por longo tempo planos articuladores da ação do Estado. Em
determinados momentos de nossa história falamos sobre projetos, planos ou
estratégias. Muitos nomes para a dificuldade de estabelecer rumo. É difícil alcançar
certo consenso entre as elites que governam e impõem suas vontades como se do
povo fossem.
Só isso pode explicar,
por exemplo, o fato de não conseguirmos em 40 anos, concluir a Usina Nuclear de
Angra 3 ou dominar o ciclo de lançamento de satélites via Programa Espacial
Brasileiro. Reiteradamente permanecemos os grandes exportadores de commoddities
desde que éramos colônia e nos orgulhamos de duas solitárias conquistas
tecnológicas, a produção de aviões pela Embraer e a exploração de petróleo em
águas profundas pela Petrobrás.
Nosso problema não é só
a capacidade de planejar, mas sobretudo, a capacidade de cumprir o planejado
com inteligência e eficiência. Muitas ideias completam décadas sem sair do
papel, sem materialização.
O Maranhão não é
diferente. Produzimos planos desde meados dos anos 1940. Todos os planos
mencionam nossa vantagem geográfica, o diferencial do nosso Porto e os
abundantes recursos naturais potenciais como o Babaçu. Como sair desse lugar
comum repetido e ineficaz?
Pensar um Plano Decenal
de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Maranhão implica em propor soluções, encaminhamentos,
estratégias e objetivos que possam responder a essa pergunta de forma crível e
viável. Eis o nosso grande desafio político ao lutar contra déficits sociais históricos
que gritam pelo agora – não perder a visão de futuro.
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