Jhonatan Almada,
historiador
Neste
1 ano e meio do processo de implantação do Instituto Estadual de Educação,
Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) aprendemos lições importantes a partir
das experiências realizadas em outros estados como Ceará, Bahia, Pernambuco e
São Paulo que avançaram no âmbito da educação profissional e tecnológica.
Antes
de abordar as lições, vamos aos desafios que nos movem. Toda instituição nova
precisa enfrentar desafios significativos para nascer. Nascer para o mundo e
crescer no mundo demandam cada vez mais coragem e inteligência para não se
perder nos atalhos, poças e cascas de banana do caminho.
O
primeiro desafio relevante é que liderança de processos institucionais não se
constrói por decreto ou portaria. Liderar é ato complexo que envolve
competência técnica, vocação política e capacidade realizadora. Não é uma
combinação simplória que se produz artificialmente por planilhas e reuniões. Não
é líder quem se diz líder, mas quem é reconhecido pela coletividade como tal.
Conversando com os professores Raimundo Palhano, João Batista Ericeira, Rossini
Corrêa analisamos diversos perfis de liderança ao longo da história recente,
concluindo que o melhor líder se reconhece pelas lideranças que dele surgiram.
O
segundo desafio relevante é vencer as pretensões do saber pronto e enlatado.
Aprender com a experiência não é copiar a experiência. O fundamental é refletir
e avaliar permanentemente ao longo do processo no que precisamos adaptar,
modificar, reinventar ou criar pelo contato com a realidade. Não é como
rosquear uma peça acreditando que irá encaixar por força do óbvio, existe todo
um precedente histórico arraigado cujo enfrentamento e desconstrução é
inarredável.
O
terceiro desafio relevante é não cair na tentação da tecnocracia, lição
importante do professor Durmerval Trigueiro Mendes. Não há processo
institucional que seja puramente racional ou eminentemente emocional, sequer a
mescla disso. É necessário um tipo diferenciado de inteligência técnica e
política que dose de forma dinâmica conhecimento e sensibilidade. Ainda não
inventaram bula para isso e leva-se tempo e acúmulo para se aproximar desse
ideal.
Abordemos
as lições da experiência que estamos pondo em prática frente a condições não
ideais e por vezes avessas à mudança. Precisamos retirar o jabuti de cima da
árvore e para isso se fazem necessárias novas mãos de gente. Não tenho dúvida que
estamos plenamente convictos do caminho, mas ele é feito no caminhar como diz o
poeta Antônio Miranda.
1.
A oferta de educação profissional e tecnológica deve estar alinhada aos arranjos
produtivos locais, entretanto, não pode se limitar aos mesmos. É necessário
ofertar cursos que despertem novas vocações econômicas e gerem novos setores
produtivos;
2.
A integração entre o curso e o estágio para inserção no mundo do trabalho devem
ser bem resolvidas e articuladas às empresas. A realização de um bom estágio,
com as condições de permanência e o devido acompanhamento, contribui para que o
ciclo formativo do curso se complete com maior qualidade;
3.
A construção dos currículos dos cursos deve envolver criterioso processo de
planejamento articulado tanto interna (pedagogos, professores e gestores)
quanto externamente (economia, regulamentações e empresas);
4.
A educação profissional integrada ao ensino médio, ofertada em tempo integral,
contribui para a melhoria do desempenho das escolas e do aprendizado de seus
estudantes;
5.
Não basta trabalhar a base comum nacional e a parte específica dos cursos
técnicos e tecnológicos. A incorporação de novas mediações e projetos
interdisciplinares que propiciem conteúdos e práticas ligadas ao engajamento
comunitário, inovação, empreendedorismo e tecnologias é um caminho para que
esses cursos tenham diferencial socialmente relevante e formem cidadãos mais
transformadores;
6.
É desejável a realização de programas complementares à oferta de educação
profissional e tecnológica, tais como, programas de iniciação científica
júnior, intercâmbio internacional e bolsa-estágio, bem como, estímulo
permanente à participação em olimpíadas do conhecimento, feiras e competições
nacionais e internacionais;
7.
O desenvolvimento de ferramentas para acompanhamento dos egressos é necessário
para medir a efetividade dos cursos oferecidos, a empregabilidade alcançada
pelos ex-alunos e seu alinhamento às demandas sociais e econômicas.
O
Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) caminhará aproveitando as boas práticas e experiências exitosas, observando
trilhas já percorridas, mas, enquanto intrínseca necessidade deverá caminhar
abrindo suas próprias sendas e veredas, com seus erros e acertos.
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