Ontem foi o Dia do Professor, portanto, momento oportuno para refletir sobre a educação. A educação de São Luís tem sido objeto de minhas reflexões nos últimos anos, especialmente por ser o maior sistema municipal de ensino dentre os 217 municípios do Maranhão.
Isso demanda atenção especial, por isso já escrevi sobre a escola que não ensina e a necessidade de superar essa escola. Embora os artigos tenham provocado o debate público no nível possível para a nossa realidade, isso não resultou em modificações da política educacional de então.
Nesse sentido, enquanto contribuição, penso que é importante dimensionar qual herança a gestão anterior deixou no âmbito da educação de São Luís, o CIEPP fez um diagnóstico sobre isso.
Um problema central deixado foi o acesso à creche, depois de 8 anos, somente 442 vagas a mais foram entregues, se comparamos a matrícula de 2013 e a matrícula de 2020. Para termos uma ideia da gravidade disso, São Luís registrou em 2020 cerca de 6,5 mil nascimentos, conforme o Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde. Todos esses bebês potencialmente demandarão por creche daqui a 4 anos, por isso precisamos de planejamento educacional de médio e longo prazo.
Em 2020, último ano da gestão anterior, o quadro encontrado quanto às dependências das escolas municipais é lamentável: 57% das escolas municipais não tem biblioteca, 83% não tem salas de leitura, 89% não tem laboratório de informática, 98% não tem laboratório de ciências e 77% não tem quadra poliesportiva.
A pandemia colocou na pauta a necessidade do acesso à internet e dos computadores para os estudantes. Infelizmente, a pandemia encontrou 55% das escolas municipais sem internet banda larga e 410 computadores para uso dos seus 88 mil estudantes matriculados em 2020.
Ano passado todas as atenções da Prefeitura de São Luís estavam voltadas para a inauguração de praças. Reconheço a importância disso para a convivência comunitária, contudo essa não deveria ter sido a prioridade se houvesse compromisso com o futuro da cidade, o futuro da cidade passa pela garantia do direito à educação das nossas crianças e adolescentes. Isso não ocorreu.
É preciso ter cuidado com os discursos que banalizam o termo revolução, os números evidenciarão os avanços e também os problemas existentes e recorrentes. Precisamos ter cautela e prudência ao lidar com a educação pública, senso de urgência e proporção.
O que está em falta e faz a diferença é o conteúdo da escola, o ensino, a aprendizagem, seus professores e professoras, suas condições de trabalho, a liderança correta dos gestores escolares, o suporte técnico-pedagógico e financeiro da Secretaria Municipal de Educação junto às escolas.
A agenda da infraestrutura é complementar e auxiliar da agenda da qualidade do ensino, apesar de irmanadas, sua natureza é diferente e demandam trabalho diferenciado. Darcy Ribeiro se posicionou contra o culto da mentira educacional e nisso estou com ele, sustento essa posição sem receio.
O prefeito de São Luís tem a seu favor o tempo e a vontade de acertar, contudo, não será tarefa fácil. Desejo êxito, nossas crianças e adolescentes querem, precisam e tem esse direito.
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