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TALENTOS PERDIDOS

Os caminhos para alcançar a excelência na educação são conhecidos e estão registrados em inúmeros estudos e pesquisas. Por outro lado, o uso dessa informação para tomada de decisão é um problema latino-americano. Constatei isso ao dialogar com colegas de outros países no Programa Regional de Formação em Planejamento e Gestão de Políticas Educativas promovido pelo Instituo Internacional de Planejamento da Educação da UNESCO.

O Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais-CEIPE disponibiliza estudos e pesquisas com a finalidade de subsidiar o desenho de políticas públicas educacionais. O Centro foi recentemente criado e está vinculado à Fundação Getúlio Vargas-FGV, sendo dirigido por Cláudia Costin, experiente profissional com passagens relevantes em cargos de gestão no âmbito municipal, estadual, federal e internacional, foi Diretora Global de Educação do Banco Mundial.

Recomendo ao público interessado a leitura do informativo Políticas Públicas em Ação Nº 1 com a temática “Intervenções baseadas em evidências: um guia para os estados” e do livro “Como melhorar seu IDEB: experiências que funcionam”. Parabenizo a FGV pela criação do Centro e desejo que tenha todo sucesso em sua missão.

A propósito da busca permanente pelo conhecimento. Estudei e debati o trabalho “Talentos escondidos: os beneficiários do Bolsa Família medalhistas das Olimpíadas de Matemática”, o qual evidencia a importância das políticas de transferência de renda aliadas à identificação de estudantes talentosos. O trabalho é do Ministério do Desenvolvimento Social e foi publicado no Cadernos de Estudos Nº 30.

A Olímpiada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas-OBMEP foi criada em 2005 com o apoio de Eduardo Campos (1965-2014), então ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Lula. A OBMEP é liderada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada-IMPA com a Sociedade Brasileira de Matemática-SBM e financiada pelos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. É a maior olimpíada científica do Brasil, envolve mais de 18 milhões de estudantes e 54 mil escolas, cobrindo 99,71% dos municípios.

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Olimpíadas como a OBMEP estimulam e descobrem talentos acadêmicos em todo o Brasil, a atual deputada federal Tábata Amaral teve aí seu primeiro incentivo. O trabalho “Talentos escondidos” informa que dentre os beneficiários do Programa Bolsa Família, um total de 1.288 foram medalhistas no período 2011-2017, com média de 184 medalhistas por ano, o Nordeste é a região com maior frequência de medalhas.

A tese “Recognizing performance: how awards affect winners and peers performance in Brazil” de Diana Moreira comprova o impacto da presença de estudantes medalhistas na sala de aula, cerca de 20% dos seus colegas de turma melhoram em participação e notas. Além disso, incrementa 10% o ingresso desses estudantes em Universidades, dados de mais de 5 milhões de estudantes brasileiros em 170 mil salas de aula foram compilados e analisados na tese de Diana.

É fundamental para o Brasil formular políticas públicas inclusivas salvando os filhos da pátria do extravio da pobreza. Acredito que devemos apoiar esses talentos e garantir trajetórias de vida exitosas, decisivo, portanto, fortalecer e ampliar o Programa Nacional de Bolsas do CNPq para esses medalhistas.

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