Fazendo as
contas completei 10 anos como articulista de jornais, escrevendo artigos de
opinião. Destaco o Jornal Pequeno como espaço privilegiado para compartilhar
minhas reflexões sobre temas de interesse e questões contemporâneas que merecem
ser debatidas. Os artigos acumulados já resultaram em quatro livros:
“Planejamento que marca caminhos”, “A alternância do poder político no
Maranhão”, “Crítica à indiferença: política, ciência e educação” e “Ciência e
educação como agentes de desenvolvimento”.
Dando
continuidade a essas reflexões abordo hoje o problema do ensino de inglês na
rede pública. O British Council publicou a pesquisa “O ensino de inglês na
educação pública brasileira” apresentando os aspectos institucionais, o
contexto escolar, o perfil dos professores e os desafios para o ensino desse
idioma.
Uma primeira
conclusão importante é que o ensino de inglês não é uma diretriz obrigatória
nos documentos que regulam a educação, seja na esfera federal, seja nas esferas
estaduais ou municipais. A legislação trata a língua estrangeira como elemento
opcional do currículo, daí que seu ensino tem um papel marginal na maior parte
da rede pública. Entretanto, não basta criar uma lei que torne o ensino de
inglês obrigatório sem cuidar das condições do ensino, especialmente formação
dos professores, disponibilidade de materiais didáticos e flexibilidade para
organização das turmas.
Esta realidade
não é tão diferente na rede particular. Muitas famílias pagam cursos de inglês
para seus filhos em caráter complementar aos da escola regular. Portanto, nem
rede pública, nem rede privada conseguem de fato ensinar um idioma estrangeiro
com eficiência.
A pesquisa
apontou ainda para o contexto escolar. Destacam-se a vulnerabilidade social dos
estudantes e os riscos no entorno das escolas, a existência de turmas grandes e
heterogêneas, as condições de contratação dos professores e a baixa carga
horária dedicada ao inglês no currículo. Um dos pontos fundamentais a ser
enfrentado quando se deseja tornar o ensino de inglês uma política pública é
ampliar a carga horária. Nesse sentido, a reforma do ensino médio é chave para
repensarmos a distribuição dos conteúdos e a organização do currículo.
Mais de 80% dos
professores de inglês são do gênero feminino e tem mais de 40 anos. Ainda que
87% deles tenham formação em nível superior, somente 13% tem formação
específica em inglês. Em geral, os professores se formaram por conta própria na
rede privada de ensino. Entre as dificuldades para avançar no desenvolvimento
da carreira alegam a falta de oportunidades para conversar em inglês e embaraços
com a língua falada.
O quadro dos
professores tem reflexo no ensino da sala de aula ampliando os desafios para a
aprendizagem de uma língua estrangeira por parte dos estudantes. Os dois
maiores desafios apontados são a ausência de recursos didáticos (computadores, aparelhos
de som e internet) e o distanciamento e a desvalorização do idioma estrangeiro,
os estudantes enxergam como uma realidade distante e fora das prioridades do
seu contexto.
Não existe um plano estratégico comum para a língua inglesa e a nossa federação tripartite dificulta tal construção, além disso, observa-se quase nenhuma formação continuada e critérios comuns para o ensino, avaliação e certificação das competências linguísticas. De um lado, é fato que a federação brasileira complexifica o encontro de saídas, por outro lado, facilita a criação de soluções locais ou em cada rede de ensino.
Algo que chama bastante atenção é que 67% dos professores de inglês não possuem certificado de proficiência. Isso fragiliza mais ainda o ensino de inglês com poucos recursos didáticos, reduzida carga horária e ausência de formação específica.
Ao serem perguntados quanto às saídas e propostas para superar esses problemas, os professores sugeriram iniciar o ensino de inglês no Fundamental I, aumentar a carga horária, formar turmas com menos alunos, dividir os alunos por nível de conhecimento, capacitações presenciais com foco na conversação e metodologias, realização de intercâmbios para professores e a oferta de recursos didáticos modernos.
Não existe um plano estratégico comum para a língua inglesa e a nossa federação tripartite dificulta tal construção, além disso, observa-se quase nenhuma formação continuada e critérios comuns para o ensino, avaliação e certificação das competências linguísticas. De um lado, é fato que a federação brasileira complexifica o encontro de saídas, por outro lado, facilita a criação de soluções locais ou em cada rede de ensino.
Algo que chama bastante atenção é que 67% dos professores de inglês não possuem certificado de proficiência. Isso fragiliza mais ainda o ensino de inglês com poucos recursos didáticos, reduzida carga horária e ausência de formação específica.
Ao serem perguntados quanto às saídas e propostas para superar esses problemas, os professores sugeriram iniciar o ensino de inglês no Fundamental I, aumentar a carga horária, formar turmas com menos alunos, dividir os alunos por nível de conhecimento, capacitações presenciais com foco na conversação e metodologias, realização de intercâmbios para professores e a oferta de recursos didáticos modernos.
O Instituto de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) tem oferecido cursos de
inglês em suas Unidades Vocacionais como estratégia para contribuir no
enfrentamento desse problema. Em 2016, alcançamos 11 municípios e certificamos
816 pessoas no Curso de Inglês Básico. No primeiro semestre de 2017, chegamos a
17 municípios e até agora 739 pessoas certificadas, nossa previsão é
alcançarmos 1.820 pessoas de 39 municípios até o fim do ano.
Estamos
construindo a proposta do IEMA Bilíngue, o objetivo é que o estudante de nossa
rede alcance proficiência em inglês até o final do 3º ano. Entre as ações que
estão sendo planejadas está a elevação da carga horária, a realização de
intercâmbio para professores e a padronização dos materiais, avaliações e
exigências básicas do currículo.
O desafio é
grande, mas soluções locais são viáveis e práticas.
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