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APRENDER COM A CORÉIA

Jhonatan Almada, historiador


Atravessamos a crise nacional de forma diferenciada aqui no Maranhão. Nosso estado tem uma gestão comprometida com a transparência do investimento público e com a destinação correta. Esses dois elementos combinados geram ambiente atrativo para novas empresas e negócios que irão gerar mais riqueza, emprego, trabalho e renda. 

Estamos enfrentando agendas múltiplas vinculadas ao acesso de direitos e ao desenvolvimento, agendas fundamentais que atravessaram séculos no Maranhão sem obter as respostas devidas por parte do poder público, sobretudo naquilo que é seu papel essencial – promover o bem comum. 

Para termos uma ideia do relativo atraso ao qual fomos submetidos por décadas de irresponsabilidade política e corrupção, hoje lidamos com a agenda da infraestrutura das escolas públicas por intermédio do programa Escola Digna, item básico pertencente ao século XIX em muitos países avançados. Ao mesmo tempo, lidamos com a agenda da infraestrutura de internet com o programa Cidadania Digital, item chave pertencente ao século XXI. 

A existência desse esforço local vigoroso também atrai outros países para conhecer o Maranhão e sua transformação social em andamento. A Coréia do Sul foi um desses países que recebemos com o objetivo de estreitar laços de cooperação e amizade, fortalecendo nossas convergências e intercambiando naquilo que eles têm de mais bem sucedido. 

A Coréia do Sul no espaço de tempo de 50 anos recuperou-se de uma guerra e saiu da subsistência econômica para a liderança tecnológica em setores de ponta. Diferentemente do Brasil que não possui indústria autóctone em setores manufaturadas de maior tecnologia agregada, a Coreia possui empresas-líderes como a Hyundai (automobilística), a LG e a Samsung (eletrônicos). Isso está vinculado ao investimento paulatino em educação, da básica à superior, ao longo de cinco décadas, enquanto o Brasil insiste com todas as etapas educacionais ao mesmo tempo. 

O Ministério da Ciência, TIC e Planejamento Futuro da Coréia do Sul tem como visão estratégica: “Economia criativa e felicidade das pessoas através da Ciência, Tecnologia e TIC”, entre as ações que irão materializar essa visão consta ampliar os atuais 2 mil pontos de acesso à internet para 10 mil até o final de 2017, bem como, o estímulo ao ecossistema da economia criativa através das startups, talentos interdisciplinares e profissionais da tecnologia da informação e comunicação. 

Uma das megatendências globais apontadas na pesquisa “Estado do Futuro 2030” (KPMG International) é a inclusão tecnológica. Em 2000, tínhamos 360 milhões de usuários da internet no mundo, este número em 2012 atingiu 2,4 bilhões de usuários. Até o final deste ano, a chamada economia dos aplicativos movimentará 151 bilhões de dólares, entretanto, os ataques cibernéticos já respondem por prejuízos de 300 bilhões de dólares. Assim, a construção de uma estratégia para acompanhar essa tendência é aspecto pertinente em qualquer país avançado, implicando na formação de pessoas e criação de empresas de base tecnológica. 

Atentos a este cenário, o Governo do Maranhão recebeu o embaixador da Coréia do Sul Sr. Jeong Gwan Lee, o qual está visitando todos os estados em busca de oportunidades de negócios e cooperação internacional. O Conselho Nacional de Secretários de Ciência e Tecnologia (CONSECTI) firmou convênio de cooperação técnica-científica com a Coréia do Sul e já realizou missões ao país para prospectar áreas de interesse comum e projetos conjuntos. Este convênio foi o fator motivador da visita ao Maranhão, acrescentando-se nesse roteiro o diálogo com o setor empresarial, a visita ao Centro de Lançamento de Alcântara e aos Lençóis maranhenses.  

A Coréia do Sul manifestou interesse nos investimentos ligados à infraestrutura portuária, energética e de transportes com grande possibilidade para o desenvolvimento de projetos de longo prazo e significativo impacto social. Ficou claro que esses projetos reforçam a imagem do país pelos benefícios que geram nas regiões em que são implantados.

O Maranhão tem interesse em aprender com a experiência educacional e científica da Coréia do Sul, sobretudo nos temas da biotecnologia, energias renováveis, economia criativa e engenharia aeroespacial. Nesse sentido, conforme determinação do Governador Flávio Dino organizaremos missão acadêmica para Coréia do Sul em articulação com a Embaixada e as instituições locais.

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