Jhonatan Almada, historiador
Vivemos tempos de julgamento midiático antecipado, basta uma
fala para colocar reputações em jogo. Lamentável quadro em que o funcionamento
do sistema político brasileiro nos jogou, agravado por repactuações da elite no
poder passando a conta da crise ao povo pela subtração de direitos consagrados.
Não há sinais no horizonte próximo que indiquem melhoria ou superação
consistente das crises reiteradas em que estamos mergulhados. As forças políticas
não conseguem reagir e repor sua capacidade de agenda, por isso os agentes do
NÃO estão conduzindo nosso país para o precipício vendido como terra da
promissão.
A derrocada da política como prática exige respostas por
parte de seus agentes. Os que chegaram das últimas eleições municipais
evidenciam caminhos possíveis para recompormos a confiança do povo na política.
As redes sociais possibilitam aos cidadãos poderoso instrumento que devassa os
políticos na sua vida pessoal e no seu desempenho administrativo pela
comparação com outros políticos do Brasil e do mundo. Os que não conseguem
perceber esse novo momento e tentam reproduzir as velhas práticas se veem
desgastados rapidamente. Aqueles que conseguem captar e ter responsividade
eficaz se destacam.
A delegação de competências não funciona como antes no mundo
infernal das redes sociais. É indispensável estar presente e pessoalmente
comprometido com o trabalho na gestão pública, pois se guiar somente pelos relatórios
de terceiros é equivocado. Corre-se o risco de chancelar visões parciais que
induzem o gestor ao erro, sobretudo agora em que é fundamental ter a visão
completa da situação e dos detalhes.
Ninguém mais tem paciência de esperar meses ou anos para que
os gestores públicos apresentem resultados ou digam a que vieram. Eis algo
pouco compreendido por parte dos políticos mais conservadores que ainda
imprimem ritmo lento ou jogam com desculpas
recorrentes. O gestor anterior é o culpado, demora licitar, não tem recurso ou
existe muita burocracia, exemplificam desculpas não mais aceitas. Gerir exige
trabalho dedicado, atencioso e enérgico para fazer andar, pois infelizmente a
administração pública não funciona sem pressão e cobrança permanentes.
Debruçados em nossos trabalhos, temos que fazer e refazer
infinitas vezes até que a administração pública consiga absorver a nova cultura
e altere suas práticas lentíssimas. Puxadas de tapete, interesses obscuros,
vaidades, inimigos ocultos, cotoveladas ou a imorredoura preguiça desafiam o
gestor público a lutar sem descanso. Passamos um dia ou uma semana sem tocar em
determinada questão, quase certeza que continuará do mesmo jeito e no mesmo
lugar.
O novo perfil da gestão pública tem como desafio demolir esse
edifício e reconstruir em bases sólidas outra forma de fazer política e
administrar o erário.
Nas andanças pelo Maranhão ouço depoimentos que comparam a
atuação do secretariado do Governo Flávio Dino com o de governos anteriores.
Afirmam que os secretários anteriores eram distantes do povo, incapazes de se
incluírem como iguais e mantinham verdadeiros cordões de isolamento para quem
desejava chegar perto. Hoje vemos secretários que dialogam, debatem, respondem,
dizem sim quando é sim e não quando é não. Não somos sabichões galardoados, mas
servidores públicos com mais responsabilidades que as usuais.
Em face disso, o principal esporte dos meios intelectuais e
midiáticos do Maranhão é tecer análises quanto ao governo e ao governador
Flávio Dino, ora comparando-o com outros governantes, sempre para minimizar seu
trabalho, ora para se apresentar como conselheiros disponíveis para lhe ensinar
como se deve governar. Análises armadas em egos e arrogâncias inconcebíveis. O
pano de fundo é justamente a capacidade de resposta do governo em tempos
acelerados e a mudança geracional que ele opera na elite política local.
O incômodo de muitos que passaram pelas funções de Estado é
ver ações, projetos e programas ocorrendo sob a liderança de jovens e maduros.
Dói saber que sempre foi possível fazer, mas não foram eles que fizeram, por
limitações pessoais ou da conjuntura. Dói mais ainda perceberem que o brilho
não vem de armações, negociatas ou pastiches, o brilho vem das entregas reais
ao povo, todas de interesse público e feitas com humildade, seriedade e correção.
O fato de nossos acertos superarem em muito
nossos erros fere de morte os cobiçosos que antes tudo tinham. Não podemos nos
pautar por essas disputas apequenadas, mas sim perseverar no trabalho, pois o
tempo passa cada vez mais rápido e como flecha atirada não volta atrás.
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