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O SONHO DA CIÊNCIA PARA O MARANHÃO

Jhonatan Almada, historiador, escreve as sextas-feiras no Jornal Pequeno

No momento em que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), completa 30 anos, vemos o quanto ainda precisamos avançar e o quanto avançamos. Saímos da irrelevância na década de 1980 para um patamar significativo em produção científica, impacto de publicações, investimento e formação de recursos humanos. Registre-se o papel destacado do maranhense Renato Archer, o primeiro ministro da pasta e responsável pela sua estruturação.

Para que o Brasil supere seu complexo de vira-latas se reveste como indispensável o conhecimento de si e o domínio do conhecimento mais avançado. Elementos cruciais para isso estão na engenharia aeroespacial, tecnologia da informação, nanotecnologia, energia renovável e produção de novos materiais. Investimento colossal a fundo perdido, sem interferências burocráticas permitirão superarmos esse nó histórico nos próximos 20 anos. Hoje, ainda somos mais importadores que criadores de tecnologia.

Importante citar que as principais realizações da ciência brasileira foram financiadas com recursos públicos ou de empresas como a Petrobrás. Nada diferindo do que ocorre no resto do mundo. A boba direita desinformadora omite esse dado e trata a questão como de corrupção endêmica. O melhor remédio seria concluir as investigações da Operação Lava Jato sem estardalhaço, com  identificação cabal dos responsáveis, sem essa espetacularização. Trabalho bem feito e de qualidade prima pela discrição no processo, mas divulga com a máxima amplitude os resultados. Nisso, nossa Polícia Federal e Ministério Público ainda precisam aprender muito com os americanos. As instituições são mais fortes que as pessoas, não podem sucumbir a elas. 

Temos feito um grande esforço de articulação institucional para atrairmos centros de excelência para o Maranhão. Entre eles, o Centro de Tecnologia da Informação “Renato Archer” (CTI) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), órgãos vinculados ao MCTI. A perspectiva é que, com a participação ativa dos pesquisadores locais, possamos deixar institucionalizada a política estadual e organizado o órgão coordenador dessa política, com iniciativas estratégicas e focadas na conquista de uma nova geração para a ciência. O sonho é criarmos ambiente propício e estimulante ao avanço científico em prol do desenvolvimento humano maranhense, em definitivo e com caráter sustentável.

A gestão da área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do Estado do Maranhão viverão outro momento no atual governo. O governador Flávio Dino assinou o Decreto Nº 30.679, de 16 de março de 2015, o qual reorganiza a estrutura da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTEC), transformando-a em Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI). Mais que uma mudança nominal, a nova estrutura abarca mudança conceitual e de sentido com três eixos de competências: ciência, tecnologia e ensino superior; educação profissional e tecnológica; inovação e cidadania digital. Antes restrita a um papel figurativo e orçamentariamente secundário, a mudança organizacional sinaliza para a afirmação da Secretaria enquanto instância de coordenação e mediação das entidades vinculadas (FAPEMA, UEMA e IEMA) no trabalho de instituir e fazer funcionar o Sistema Estadual de CT&I.

Três temas foram incorporados pela Secretaria de forma mais contundente. A educação profissional e tecnológica tem como desafio a implantação de uma política estadual para o setor que abrange a implantação do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), a realização de cursos técnicos e tecnológicos, a oferta de oportunidades de inserção profissional e a criação de novos Centros de Vocação Tecnológica (CVT), hoje restrito ao Estaleiro-Escola. A inovação tem como desafio fortalecer as iniciativas de fomento executadas pela FAPEMA por intermédio de editais, a partir da criação de programas voltados para start-ups e aprovação do marco legal da inovação. A cidadania digital tem como desafio ampliar o acesso a internet a partir de programas que implantem maior infraestrutura de rede, wifi livre em locais públicos e pontos tecnológicos de acesso a internet, cursos técnicos e serviços públicos.

O legado de formar uma nova geração de maranhenses interessados em ciência, tecnologia e inovação, portadores do sonho de conhecer nos mobiliza. A geração de 2022, quando completamos 200 anos de independência, herdará dez mil flores de pensamento e criação. Estamos empenhados nisso.

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