Jhonatan
Almada, historiador, escreve as sextas-feiras no Jornal Pequeno.
O Memorial de Martin
Luther King Jr possui uma imponente estátua desse estadista negro e militante
pelos direitos civis. A estátua emerge de uma rocha, cuja lateral traz uma
frase esculpida: “Out of the mountain of despair, a stone of hope”, do discurso
“I have a dream”, de 28 de agosto de 1963. “With this faith we will be able to hew out of the
mountain of despair a stone of hope”. Uma possível tradução
seria “com esta fé nós poderemos retirar da montanha do desespero, uma pedra de
esperança”.
Apesar dos
desconcertos, o mundo poderá vivenciar uma nova quadra histórica. O papa Francisco
como mediador pela paz contribuiu para o reestabelecimento das relações entre
Estados Unidos e Cuba, reconheceu formalmente o Estado da Palestina e defendeu
o diálogo com o islamismo extremista. O presidente Obama conseguiu implantar
uma política social de saúde nos Estados Unidos, com fortes reações e
resistências da direita, e reestabeleceu relações diplomáticas com Cuba.
Esse é o tempo dos
homens, mais rápido que o tempo do mundo. No primeiro, ao fixarmos em um ou
outro aspecto formamos uma visão ou posição, variando da indiferença ao
fatalismo, do cinismo ao otimismo, da racionalidade a loucura. O segundo é mais
exigente, demanda sofisticação analítica e respeito aos complexos de complexos
para se permitir decifrar.
Situando o Maranhão,
nosso pequeno quinhão de Brasil e mundo, somos confrontados com paradoxos,
perplexidades e futuros. O paradoxo é sermos potencialmente ricos, mas
vivamente desiguais. A perplexidade advém daqueles que vislumbrando um conjunto
de ações de governo focadas na resolução de problemas históricos, não
acreditam, não aceitam ou não querem que essas ações cumpram com esse objetivo
norteador. Os futuros nascem em paralelo e para além das ações resolutivas. É a
resposta desta geração ao que queremos ser daqui a 10, 20 ou 50 anos.
Aqueles que não
acreditam, perderam a esperança. Leram e acataram o aviso do pórtico: “Deixai
toda a esperança, vós que entrais”, as palavras duras da entrada do inferno na
Divina Comédia de Dante. A estes por mais ações que se faça, não veem e não
podem ver. A questão central está no crer para ver. A despeito disso, quem tem
a responsabilidade política e pública necessita perseverar nas ações e no
diálogo de conquista e convencimento.
Os que não aceitam ou
não querem tem como questão central o ser no mundo. Não podem aceitar as
mudanças, pois sua materialização implicará na sua desnecessidade de existir.
Exemplifico, em um país ideal onde a desigualdade tenha sido resolvida não se
pode mais justificar um sem fim de serviços de assistência social, programas de
transferência de renda, alfabetização, dentre outros. Salvo se se considera a
desigualdade um flagelo incurável sobre a terra e algo natural impossível de
mudar, salvo pelo apocalipse, revolução sistêmica ou morte. Há os que
estabeleceram a desigualdade e a violência como meio de vida, não como móvel da
vida.
Aqueles que não querem
mudanças se alimentam do como está. Um desespero feroz e pegajoso conduz seu
agir. Isso é compreensível, humano. Utilizam sua posição para fazer o maior
barulho possível, tudo sempre estará ruim, se não recuperarem seus privilégios e
migalhas. A tendência, pelo sucesso das ações em andamento, é que essas
posições se tornem mais extremistas. Penso que merecem a dignidade de uma
resposta e profunda pena. Quem governa não se pode contaminar, pois existe um
programa de governo a cumprir.
Pautar um governo por
um problema herdado, ainda que grave, como a situação do presídio de Pedrinhas
é incabível. Os problemas e desafios do Maranhão são maiores que isso. O
conjunto de novas responsabilidades e programas que estão sendo lançados ou já
materializados é que podem dar a justa medida do governo. Somar fatos isolados ou
lançar cascas de banana para colher escorregões só serve àqueles que estavam no
poder, com o gosto amargo do golpe na boca. Não compreender isso, não respeitar
isso, é embarcar na onda dos que não acreditam, não aceitam ou não querem.
É fundamental não se
apequenar ante o pontual ou conjuntural. O grande poeta Castro Alves nos legou
isso com seu poema “Eu, que sou cego, — mas só peço luzes... Que sou pequeno, — mas só fito os Andes...”. O Maranhão é pequeno ante o Brasil
e o mundo, mas jamais devemos nos apequenar, almejamos o grande. Um Maranhão
Grande se faz no hoje mirando o futuro, com fé e esperança.
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