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EDUCAÇÃO NO GOVERNO ROSEANA SARNEY: UM BALANÇO DOS 2 ANOS DE MANDATO
Jhonatan
Almada, historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago
Passados 2 anos do Governo Roseana Sarney
(2011-2012) é possível fazer um balanço das ações desenvolvidas no âmbito do
que deveria ser uma política pública de educação. Balanço que nem o próprio
governo ousou fazer quando encaminhou a mensagem anual à Assembleia Legislativa
do Estado do Maranhão neste ano de 2013. Como afirmou o deputado Rubens Pereira
Jr (PC do B), no que se refere à educação, o governo realmente não tem o que
mostrar ou tem muito a esconder.
O ponto inicial a ser destacado é a
instabilidade que caracterizou essa área. A Secretaria de Educação já teve
quatro titulares, nenhum deles desenvolveu qualquer iniciativa mais global no
âmbito da política educacional. Eles foram: Anselmo Raposo, Olga Simão, José
Bernardo Bringel e o atual, Pedro Fernandes. É pouco crível que faltando menos
de 2 anos para o fim do governo se faça algo além dos acúmulos de capital
político e financeiro para o ano eleitoral vindouro (2014).
O plano de carreira e remuneração dos
professores, atualmente denominado Estatuto do Educador, se arrasta na mesa de
negociações entre o Sindicato e o Governo, sem sinais de um acordo. O
reconhecimento das titulações obtidas pelos professores, com vistas à
progressão e promoção continua como sempre foi. Tão lenta que muitos se
aposentam e não veem seus direitos auferidos.
A perspectiva de uma educação integral no Ensino
Médio nem é cogitada. Não existe nenhum projeto nesse sentido e os concursos
continuam sendo para professores com 20h, distante da jornada única docente,
historicamente reivindicada, que exigiria dedicação exclusiva em uma única
escola.
O ensino médio é a principal responsabilidade
constitucional-legal do Governo do Estado, entretanto isso nunca ficou claro
nem para a própria Secretaria de Educação. Tanto não está claro que
recentemente distribuíram kits escolares para os estudantes do ensino
fundamental que ainda estão sob a responsabilidade da esfera estadual. A julgar
pelos fardamentos entregues imaginam que o clima do Maranhão é o mesmo do sul
do país.
Nesse sentido, estava em andamento uma acelerada
política de municipalização do ensino, transferindo em ritmo frenético as
escolas de ensino fundamental para os municípios e fechando escolas de ensino
médio. O ensino noturno está quase extinto, privando muitos jovens e adultos de
concluírem sua escolarização básica. Muitos municípios tem alegado incapacidade
de gestão para assumir as antigas escolas estaduais, evidenciando equívocos na
condução dessa municipalização tardia, finalizada na maioria dos Estados do
país nos anos de 1990.
O planejamento educacional só era lembrado em
uma pequena propaganda no site da
Secretaria, onde se lia a data de início e fim do período letivo, ou seja, o
planejamento é no máximo fixar o calendário escolar. Essa propaganda foi
retirada do site. O fato é que o
Estado do Maranhão não possui um Plano Estadual de Educação, como temos
afirmado em artigos anteriores e em face disso não se tem norte algum.
A Secretaria de Educação firmou uma parceria com
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cujo trabalho é
propagandeado como uma revolução educacional em gestação. As ações tem se
concentrado na organização interna da Secretaria atuando em quatro dimensões:
gestão educacional, formação, práticas pedagógicas e avaliação e
infraestrutura.
É possível perceber certa intransparência nos
trabalhos envolvidos na parceria entre a SEDUC e o PNUD, pois o site montado especificamente para isso
está desatualizado e não disponibiliza toda a produção técnica resultante,
contrariamente ao que é anunciado na imprensa local. Isso nos leva a duvidar se
realmente algo foi mesmo produzido e encaminhado. O tempo nos dará mais elementos
para avaliar.
Não existe nenhuma iniciativa global de
superação do analfabetismo maranhense. Apenas adesão aos programas federais. O
Plano de Alfabetização Educadora de Jovens, Adultos e Idosos do Maranhã
(PAEMA), elaborado no Governo Jackson Lago em parceria com o Instituto Paulo
Freire e ampla participação dos educadores e educadoras das várias regiões
estaduais, foi abandonado.
Segundo dados do Censo de 2010 produzido pelo
IBGE, o Maranhão possui 3,2 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade sem
instrução ou com fundamental incompleto. Isso significa que 48% dos 6,5 milhões
de maranhenses são analfabetos, plena ou funcionalmente.
A média dos anos de estudo da população que vive
no campo é de apenas 4 anos, conforme relatório sobre a situação social do
Maranhão, produzido pelo Ipea em março de 2012. No Brasil e no Nordeste esse
indicador supera os 6 anos de estudo. A despeito disso, nenhuma ação concreta é
desenvolvida pelo governo estadual na resolução dos problemas da educação do
campo.
O balanço da educação nos dois primeiros anos do
Governo Roseana Sarney desvela a ausência de uma política pública para a área, a
fragmentação das iniciativas, a inexistência ou inversão de prioridades e a incapacidade
de enfrentar e resolver os principais problemas educacionais vivenciados pelos
maranhenses.
É muito provável que esse cenário de paralisia
governamental se agrave nos próximos dois anos, já que a prioridade será garantir
a eleição do candidato do grupo ao governo, a qualquer custo. A educação do
Maranhão segue sem rumo.
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