Pular para o conteúdo principal

POR UMA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA DE EXCELÊNCIA


Jhonatan Almada, Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação 


O grande desafio de implementar políticas públicas no Brasil e no Maranhão em particular passa pelo investimento nas pessoas, capaz de produzir novas mentalidades e práticas, gerar cultura política de ruptura com as práticas instituídas de lidar com o público e o político. 

Investir nas pessoas exige inteligência e eficiência no gasto. Se investir na infraestrutura e salários é necessidade e talvez condicionante, muito mais relevante é a metodologia e o modelo de educação que se pratica. Isso é desafiador e complexo, os sistemas estaduais e municipais não produziram respostas ou caminhos críveis quando analisamos a educação básica.

O crucial é o currículo e a formação de professores e gestores. Como implementar o currículo de forma a instigar e prover os estudantes das ferramentas básicas para agir e transformar o mundo? Eis a pergunta que não se responde facilmente em nosso país. O convencional não tem e nunca teve resultados a comunicar além da evasão e da não aprendizagem dos estudantes.

Não há projeto pedagógico norteador da ação em cada sala de aula. Se questiona mesmo a existência de projeto de escola na escola. Documentos, legislação, orientações e normas existem em profusão, contudo, não dispõem de uma coluna vertebral que sustente-as. Falta algo que fosse praticado e pela reflexão reconstruído no permanente círculo virtuoso do educar e ser educado. 

Como criar unidade na diversidade? Acompanhar, monitorar e avaliar esse projeto? Sem o apelo das métricas e rankings não conseguimos pensar. Pensar em alternativa é possível e existe experiência em andamento cuja fecundidade e potencialidade para o Brasil é singular. Refiro-me ao projeto de Educação Científica implementado pelo Instituto Santos Dumont, organização social vinculada ao Ministério da Educação-MEC.

Visitei o Centro de Educação Científica na periferia de Natal-RN e vi projeto factível e exitoso na contramão das recomendações modistas que nossa educação sofre de tempos em tempos. Fui recebido por educadores inspirados e dedicados que estimulam o pensar com a própria cabeça nos estudantes, o expressar e escrever suas ideias, o analisar criticamente, o agir transformador e a constituição de si no mundo com o outro. A boniteza da educação está ali inscrita e escrita na vida pulsante da escola. 

Iremos assinar cooperação técnica para que nós também possamos aprender juntos a construir uma educação científica transformadora sem exclusão por desempenho ou faixa etária. O Maranhão irá avançar algumas décadas em curto espaço de tempo e não mediremos empenho para esse fim. 

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A Educação do Brasil

A Educação do Brasil: cinco contrapontos necessários Este livro é fruto de um esforço de sistematização sobre cinco questões relevantes presentes no debate sobre a educação pública do Brasil e que tenho abordado em aulas, conferências e intervenções públicas, sobretudo para estudantes na Universidad Autónoma de Baja California (UABC), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Centro Universitário IESB, Universidade Estadual de Roraima (UERR), Centro Universitário UNDB, Faculdade Santa Luzia e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Portanto, há uma postura didática na minha escrita para responder às seguintes perguntas: 1. Existe só descontinuidade nas políticas educacionais brasileiras? 2. A infraestrutura escolar não importa para a qualidade do ensino? 3. Sobra recurso e falta gestão na educação pública? 4. A qualidade do ensino se resume aos resultados das avaliações? 5. As escolas militares são solução para os problemas da educação pública? Organizei as respostas para essas p...

BANQUE O DURO, MEU CHEFE

BANQUE O DURO , MEU CHEFE ! Por Raimundo Palhano Não deixe o seu lugar. Foi o conselho do venerável Bita do Barão de Guaré ao presidente do Senado, José Sarney, que, ao que parece, está sendo levado extremamente a sério. Quem ousaria desconsiderá-lo? Afinal, não se trata de um simples palpite. Estamos frente à opinião de um sumo sacerdote do Terecô, um mito vivo para o povo de Codó e muitos outros lugares deste imenso Maranhão. Um mago que, além de Ministro de Culto Religioso, foi agraciado pelo próprio Sarney, nos tempos de presidência da República, com o título de Comendador do Brasil, galardão este acessível a um pequenino grupo de brasileiros. Segundo a Época de 18.02.2002, estamos falando do pai de santo mais bem sucedido, respeitado, amado e temido do Maranhão. Com toda certeza o zelador de santo chegou a essa conclusão consultando seus deuses e guias espirituais. Vale recordar que deles já havia recebido a mensagem de que o Senador tem o “corpo fechado”. Ketu,...

Faltam recursos e gestão na educação

É sempre necessário lembrar Celso Furtado quando disse que economia sem ciência social é pura álgebra, assim se pode compreender o texto do economista Marcos Mendes publicado dia 1º de novembro na Folha Mendes se volta contra a expansão da complementação federal ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, por ter sido supostamente incapaz de entregar resultados melhores em exames como o PISA, avaliação internacional amostral. O aumento da participação federal no Fundeb de 10% para 23% foi previsto pela Emenda do Fundeb permanente em 2020 (EC 108), mas ainda não foi concluído, porque está escalonado para ocorrer paulatinamente de 2021 até 2026. Todavia Marcos Mendes se apressa em avaliar a mudança desde já, como se já estivesse plenamente implementada há décadas. O autor ignora ou deliberadamente desconsidera que reformas educacionais não produzem efeitos imediatos, tampouco são automáticas, porque demandam enraiza...