Jhonatan
Almada, historiador, escreve às sextas-feiras no Jornal Pequeno (JP)
O carnavalesco
Joãozinho Trinta afirmou em algum momento que quem gostava de miséria era
intelectual, povo gostava era de luxo. Assim ele contrastava as críticas
recebidas por setores intelectuais que ainda hoje creditam ao carnaval nossa
pasmaceira ante os problemas históricos de exclusão social, pobreza e miséria.
A despeito da fragilidade dessa afirmação, sobretudo quando referida aos
intelectuais de esquerda envolvidos na luta pela transformação dessa realidade,
o exemplo não deixa de expor um viés da intelectualidade nacional. Uma boa
parcela se esmera na crítica aos nossos problemas, mas não enxerga avanços,
soluções, caminhos ou acertos, inclusive recusando qualquer responsabilidade
nesse sentido. São os intelectuais constatadores e higienizados da realidade.
Pelo Maranhão, os
intelectuais inventaram uma nova modalidade, os daqui não gostam da miséria,
gostam da violência. Enquistados na universidade pública e sociedade civil
organizada adotaram a violência como meio de vida, não como móvel da vida,
instrumento de emprego, projeção e legitimação. Os intelectuais que amam a
violência guardam ressentimentos eleitorais, recalques juvenis e vontade de
mídia. Amor no sentido de necessidade mesmo. Aliás após a eleição de 2014 virou
moda trabalhar pela instabilidade dos governos por todos os meios possíveis,
legais ou não, verdadeiros ou não.
O raciocínio é simples
se reduzo a violência, retiro a seiva que alimenta o discurso desses
intelectuais. Isso significa menos assunto ou mesmo falta de assunto para
problematizar seus textos, palestras, pesquisas, projetos de captação de
recursos, bolsas, eventos e livros. Toda uma economia gira no entorno deles se
alimentando da violência. Aqueles que denunciam o negócio da violência e a
violência do negócio são também ali sustentados, seja financeiramente, seja do
ponto de vista simbólico. Se tornam sujeitos políticos e acumulam capital
político pela manutenção da violência em níveis críticos, visíveis e
escandalizáveis.
A vontade de mídia
produziu uma aliança entre os intelectuais que amam a violência e o antigo
regime da oligarquia Sarney. Aqueles que se projetaram justamente pela crítica
à oligarquia venderam-se por nenhum dinheiro. A moeda de troca é o acesso à
cobertura midiática poderosa da televisão, rádio e internet, no amplo arco que
vai dos blogueiros sabujos aos noticiários do chamado horário nobre. A meu ver,
uma aliança para lá de contraditória, salvo se adotarmos aqui a máxima fernandiana
“esqueçam o que escrevi” e eis que surge o sarnoesquedismo.
O espaço público onde
os divergentes divergem, os convergentes convergem e ambos buscam novas
sínteses e verdades pelo debate incomoda sobremaneira essa aliança de
sarnoesquerdistas e blogueiros sabujos. Acostumados a criticar sem réplica, a
acusar sem provas, a distorcer sem contestação, a juntar fatos para fraudar
versões atualmente vivem tempos difíceis. O campo que está no governo ou a ele
aliado participa e enfrenta o debate de ideias, posturas e informações, não
sucumbiu a anulação da inteligência que afeta muitos dos que governam em
qualquer lugar do mundo e da história.
Essa aliança e esse
comportamento adotado no espaço público são formas concretas de reação à
síndrome de abstinência de dinheiros públicos que afeta a blogosfera alinhada à
oligarquia, dela em viuvez. Repetir mentiras e disseminar versões parciais como
no caso da situação da Penitenciária de Pedrinhas objetivam fazer o governo
recuar dessa posição e torná-lo mais generoso com a mídia. O fato dos presos fazerem
pão e bloquetes de concreto, se humanizando pelo trabalho não merece qualquer
comentário, mas uma suposição pessoal é transformada em verdade factual, desde
que atenda a essa lógica do amor à violência em nome de nacos de dinheiro do
povo.
Recado direto e
importante, não daremos trégua na defesa dos princípios e ações do programa de
governo legitimado pela maioria dos maranhenses, repondo a verdade,
esclarecendo equívocos, reafirmando caminhos, corrigindo erros e perseverando
no cumprimento das metas estabelecidas. Debate sim, deturpação jamais.
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