La Euforia del Senador/The euphoria of Senator
O senador José Sarney tem demonstrado uma euforia intermitente sobre o Maranhão, sobretudo na coluna dominical que escreve no jornal de sua propriedade. Esqueceu-se um pouco de explicar como resolver os problemas de São Luís e se volta agora para o Maranhão como um todo. A euforia é motivada por um conjunto de fatos dispersos relacionados à economia, a pobreza e a saúde maranhense.
O senador José Sarney tem demonstrado uma euforia intermitente sobre o Maranhão, sobretudo na coluna dominical que escreve no jornal de sua propriedade. Esqueceu-se um pouco de explicar como resolver os problemas de São Luís e se volta agora para o Maranhão como um todo. A euforia é motivada por um conjunto de fatos dispersos relacionados à economia, a pobreza e a saúde maranhense.
A economia vincula notícias
sobre a exploração de recursos naturais (petróleo, gás e ouro), conhecidos
desde os anos 1960 do século XX. Novamente conhecidos na década de 1980 do
mesmo século, período em que foi Presidente da República. E só agora
efetivamente explorados. Como isso se explica? Ora, em tempo algum quando
ocupou cargos públicos relevantes na República ou influenciou em todos os
governos durante a Ditadura Militar e pós-1988, nunca foi dado qualquer passo
concreto. Nem mesmo nos dois mandatos estaduais de Roseana, sua filha. Estou
folheando um Plano de Investimentos Estratégicos datado de 1997, a julgar pelo
que está escrito o Maranhão deveria ter virado o novo Éden no final daqueles
mandatos. Nem vou comentar certo Plano de Governo dos idos de 1966, cujos
próprios técnicos que o elaboraram diziam ser mera peça de propaganda.
Justamente no Governo Jackson
Lago (2007-2009) é que foram tomadas medidas concretas para incentivar
empreendimentos, atrair empresas e estimular investimentos. As bases deixadas
foram sabiamente continuadas no terceiro e quarto mandato de Roseana Sarney.
Mandaram arrancar as capas dos projetos e trabalhos, especialmente as com o
nome do saudoso Governador e equipe, colocando no lugar os nomes convenientes.
Mudaram as capas e reorientaram o conteúdo a seu favor.
O senador não é economista ou
ambientalista, mas escritor e político. Não sabe que o modelo de
desenvolvimento pelo qual está eufórico só aumentará a concentração da riqueza
nas mãos dos poucos que já a tinham e dos que chegaram para investir já sendo
ricos.
Todas essas riquezas são
finitas, tem prazo para acabar. Todos os empreendimentos vinculados à
exploração dessas riquezas empregam mão de obra significativa apenas no início dos
projetos, depois deitam na rua os empregados e exportam o produto obtido, seja
ele petróleo, gás ou ouro. A extração desses produtos terá impacto ambiental
imprevisível, devastando o pouco que Vale e Alumar ainda não conseguiram.
Nenhum desses empreendimentos é sustentável como se pode concluir. Nem social, nem
econômica e muito menos ambientalmente.
A economia maranhense cresce. A
pergunta que deve ser feita é: cresce para quem? Para os mesmos associados ao
grupo político do senador, as gerações pioneiras da fantasia de 1965 e agora
seus descendentes. Em que investem o dinheiro facilmente obtido junto aos bancos
da República? Hotéis, faculdades privadas, restaurantes e condomínios de luxo.
Algum desses investimentos é produtivo? Não. É uma nova versão do fausto das
elites locais. As antecessoras do século XIX compravam imóveis no Rio de
Janeiro. As atuais estão diversificando seu capital, claro, investindo-o no seu
próprio conforto, como de sempre.
A economia cresce, mas a
pobreza no Maranhão persiste. Claro, pobreza controlada e minorada pelos
programas federais de transferência de renda, entre eles, o Bolsa Família. A
maioria de seus habitantes é pobre e miserável sim. A minoria rica, a qual
pertence o senador e seus próximos nunca esteve tão rica como agora. Essa
minoria não precisa dos polêmicos hospitais (postos de saúde?) espalhados pelo
Estado, pois tem os hospitais privados. A maioria que deles realmente
necessita, lá não encontra o que procura. Saiam de casa e passeiem pelos
hospitais públicos de São Luís, lá verão as mesmas ambulâncias que chegam em
procissão do continente, como denunciava Jackson Lago.
Jhonatan Almada, historiador.
Dica de leitura do Blog Papo de Mãe, de Mariana Kotscho e Roberta Manreza. O livro "Psicanálise e Velhice" é escrito por Dorli Kamkhagi e discute os desafios de envelhecer na atualidade, sem cair na euforia ou na negação. Disponível em: http://www.papodemae.com.br/2010_10_01_archive.html.
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