Estamos no Maranhão. Vivemos aqui. Quais são as necessidades fundamentais do nosso tempo? Podemos melhorar a pergunta: quais são os desafios fundamentais do nosso tempo?
Vejo que um primeiro desafio é desenvolver a democracia entre nós. Indispensável que os avanços democráticos cheguem concretamente ao Maranhão. Que de fato nossa cultura política se afaste cada vez mais dos elementos patrimonialistas e fisiológicos tão fortes. O respeito às decisões tomadas nas consultas populares e nos Conselhos de Políticas Públicas é elemento crucial.Um segundo, fundamental, ligado ao primeiro, é atingirmos a alternância do poder político. Enquanto não compreendermos que uma das problemáticas que nos cinge e nos emperra é a dominância de um mesmo grupo político por décadas seguidas, se reproduzindo à custa da exclusão permanente de milhões de maranhenses, dificilmente poderemos mudar. De fato, se a população não compreender que o projeto liderado por esse grupo jamais responderá as questões do nosso tempo, por que implicaria em revelar o vazio do próprio projeto, apenas simulacros de projetos pessoais de poder, a mudança demorará.
Um terceiro é mudarmos profundamente as instituições e estruturas do Estado no Maranhão. Enquanto prevalecer a lógica do espontaneísmo, do engessamento, do burocratismo, do exército de terceirizados e comissionados, nunca teremos uma concretude estatal que sirva ao bem comum. A refundação do Estado é bandeira primicial.A consolidação de um projeto estadual de desenvolvimento originado em amplo consenso e efetiva articulação da sociedade é um quarto desafio. Mais ainda do que apresentar tal projeto, imprescindível é a sua execução. O Maranhão já experimentou dezenas de projetos inconsistentes sob a égide da oligarquia, nenhum o desenvolveu, apenas aumentou o patrimônio dos donos do poder e usurpou o sonho de uma vida próspera e digna de muitas gerações. É importante conjugar o fazer imediato com o erigir para as novas gerações, antecipar-se aos problemas, não resolvê-los no afogadilho. A expansão da economia dos municípios, a dinamização dessa economia, a prevalência do local, dos projetos locais é que darão o ritmo, sem perder a visão do todo.
Não é coincidência que esses elementos foram basilares no Governo Jackson Lago (2007-2009) e constituem elementos do amplo programa de estudos, pesquisas e debates a serem desenvolvidos pelo Instituto Jackson Lago no seu primeiro quadriênio de existência (2012-2016), forjando-se como guardião da memória da vida pública de Jackson Lago, bem como, espaço público concreto, real e efetivo para se repensar o Maranhão.Como lembra Antonio Candido, “o grande homem é aquele que descobre quais são as necessidades fundamentais de seu tempo e consagra a elas a sua vida". Jackson Lago foi o único político que levantou essas bandeiras na história recente. Também foi o único que teve persistente coerência e obstinação para fazê-lo. Derrubado pelos acertos, não pelos possíveis equívocos, a missão que se propôs foi transformadora da realidade, não solitária, mas tecida de ações, sonhos e povo. Haveremos de honrá-la.
Por Jhonatan Almada, historiador, primeiro secretário do Instituto Jackson LagoPublicado no Jornal Pequeno, 12 de março de 2012.
http://www.jornalpequeno.com.br/2012/3/12/instituto-jackson-lago-abrindo-caminhos-190200.htm
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