Tenho na defesa da escola pública uma das minhas causas. Que escola é essa? São 141.298 estabelecimentos de ensino que atendem 40 milhões de estudantes em todo o Brasil. Nessas escolas persistem desigualdades que marcam nossa história como civilização, são visíveis e inescapáveis a todos os banhos de mídia e às retóricas desviantes.
A pandemia do coronavírus não inventou as desigualdades da escola pública brasileira, mas as agravou e as evidenciou. Por exemplo, as plataformas de ensino via internet ou celular prevalecem como solução para suprir a ausência de aulas. O que nos alerta para a exclusão digital em nosso país, onde 33% dos domicílios não possuem acesso à internet, conforme pesquisa TIC Domicílios.
A desigualdade educativa se reflete nas condições dos estudantes da escola pública em participarem no Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM, o qual foi criado para equilibrar e corrigir as distorções no acesso à Universidade.
Esses estudantes estão sem aulas há tempos e em sua maioria não foram incluídos pelas soluções de educação a distância ou remota. Em condições normais, 90,9% chega ao final do 3º ano do ensino médio sem aprendizagem adequada de matemática e 70,9% sem saber português. Os resultados sem aulas presenciais serão melhores? Claro que não.
Em face dessa realidade, não tenho dúvidas, adiar o ENEM é necessário. Países como China, França e Estados Unidos, cujos resultados educacionais são melhores que os do Brasil, tem adiado ou cancelado seus exames nacionais.
O Ministério da Educação da China decidiu adiar o GAOKAO (o Enem chinês) por um mês como medida de justiça, pois identificaram que os estudantes da área rural e das regiões mais pobres foram afetados no acesso às soluções de educação on line disponibilizadas. A França através do seu Ministério da Educação cancelou o Baccalauréat-BAC e o College Board dos Estados Unidos também cancelou o Scholastic Aptitude Test-SAT.
Se essas grandes nações resolveram adiar, não seria racional e razoável fazer o mesmo no Brasil? O Ministro da Educação pensa diferente, afirmou em reunião com o Senado Federal que o cronograma do ENEM está mantido e não está preocupado com injustiças sociais.
Não surpreende essa atitude do Ministro, suas grosserias nas redes sociais e incapacidade de dialogar são conhecidas e repudiadas. A cada dia que passa, o Ministro apequena a cadeira que já foi ocupada por Darcy Ribeiro e nos envergonha como brasileiros.
A educação é a única política pública em que os não especialistas ousam muito. Desconhecendo a realidade e armados de arrogância resolvem decidir aleatoriamente em matéria educativa, a insciência à serviço do cosmético, do imediato e do curto prazo.
É a marcha da insensatez, não basta ter sensibilidade para a importância do investimento em educação, importa saber o que é prioridade, aquilo que funciona ou não, e o mais relevante: se colocar no lugar do estudante da escola pública.
Faço aqui um apelo ao Congresso Nacional para que aprove projeto de lei adiando o cronograma do ENEM, reconhecendo as desigualdades educativas e oportunizando mais tempo de estudo para os nossos estudantes. Este é o papel do Estado, não como favor, mas como dever.
A pandemia do coronavírus não inventou as desigualdades da escola pública brasileira, mas as agravou e as evidenciou. Por exemplo, as plataformas de ensino via internet ou celular prevalecem como solução para suprir a ausência de aulas. O que nos alerta para a exclusão digital em nosso país, onde 33% dos domicílios não possuem acesso à internet, conforme pesquisa TIC Domicílios.
A desigualdade educativa se reflete nas condições dos estudantes da escola pública em participarem no Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM, o qual foi criado para equilibrar e corrigir as distorções no acesso à Universidade.
Esses estudantes estão sem aulas há tempos e em sua maioria não foram incluídos pelas soluções de educação a distância ou remota. Em condições normais, 90,9% chega ao final do 3º ano do ensino médio sem aprendizagem adequada de matemática e 70,9% sem saber português. Os resultados sem aulas presenciais serão melhores? Claro que não.
Em face dessa realidade, não tenho dúvidas, adiar o ENEM é necessário. Países como China, França e Estados Unidos, cujos resultados educacionais são melhores que os do Brasil, tem adiado ou cancelado seus exames nacionais.
O Ministério da Educação da China decidiu adiar o GAOKAO (o Enem chinês) por um mês como medida de justiça, pois identificaram que os estudantes da área rural e das regiões mais pobres foram afetados no acesso às soluções de educação on line disponibilizadas. A França através do seu Ministério da Educação cancelou o Baccalauréat-BAC e o College Board dos Estados Unidos também cancelou o Scholastic Aptitude Test-SAT.
Se essas grandes nações resolveram adiar, não seria racional e razoável fazer o mesmo no Brasil? O Ministro da Educação pensa diferente, afirmou em reunião com o Senado Federal que o cronograma do ENEM está mantido e não está preocupado com injustiças sociais.
Não surpreende essa atitude do Ministro, suas grosserias nas redes sociais e incapacidade de dialogar são conhecidas e repudiadas. A cada dia que passa, o Ministro apequena a cadeira que já foi ocupada por Darcy Ribeiro e nos envergonha como brasileiros.
A educação é a única política pública em que os não especialistas ousam muito. Desconhecendo a realidade e armados de arrogância resolvem decidir aleatoriamente em matéria educativa, a insciência à serviço do cosmético, do imediato e do curto prazo.
É a marcha da insensatez, não basta ter sensibilidade para a importância do investimento em educação, importa saber o que é prioridade, aquilo que funciona ou não, e o mais relevante: se colocar no lugar do estudante da escola pública.
Faço aqui um apelo ao Congresso Nacional para que aprove projeto de lei adiando o cronograma do ENEM, reconhecendo as desigualdades educativas e oportunizando mais tempo de estudo para os nossos estudantes. Este é o papel do Estado, não como favor, mas como dever.
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