Jhonatan Almada, Reitor do IEMA e ex-Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovaçao
Lembro o distante ano
de 1994 da campanha Lula Lá. Arrepiante jingle que não se esquece. Foi em 2003
que essa música virou governo e um mar de gente nunca antes visto ocupou o
Palácio do Planalto, 2003-2010 foi um período de prosperidade, crescimento e
inclusão social para o Brasil.
Cena um. Lula nos
braços do povo. Cena dois. Lula tenta se entregar voluntariamente à Polícia
Federal para cumprir sua condenação. Cena três. O povo impede a saída do carro
com Lula. Cena quatro. Após horas de resistência cívica e negociação, Lula sai
a pés do Sindicato dos Metalúrgicos e se entrega. A força popular de Lula
elevou sua estatura ante o arbítrio dos pequenos tiranetes de Curitiba.
Li “A verdade vencerá”,
livro com entrevista antológica de Luís Inácio Lula da Silva, registra seu
legado e ao mesmo tempo suas propostas caso pudesse exercer outro mandato de
Presidente da República. Lula enfrenta novo teste de fogo da elite brasileira,
dessa vez uma espiral de processos, o primeiro resultou em sua condenação e
prisão. Mesmo que todos saibam da ausência de provas, outros
processos-condenações e sentenças já anunciadas lhe atribuem sítio, terreno,
compra de caças, medidas provisórias e empréstimos do BNDES.
Nada fácil. Não guardo
ilusões quanto aos Tribunais. Conheço bem a capacidade que a “koterie” jurídica
tem para moldar as leis em seu interesse e em perseguição a quem lhes
desagrada. O adágio popular “cada cabeça uma sentença” virou “cada cabeça um troféu”,
por isso me solidarizo com o Presidente Lula e tenho confiança de que o tempo
fará a verdade.
Lula na entrevista
declara que uma de suas prioridades seria a recuperação da credibilidade das
instituições e estabilidade da democracia, isso passaria pela reforma
tributária e pela reforma política. Quanto à reforma tributária destacou a
necessidade de taxar as heranças, algo que nenhum governo conseguiu até hoje. A
reforma política não é tratada com profundidade, mas o presidente critica o número
excessivo de partidos, o financiamento público e defende o financiamento
voluntário para a campanha eleitoral.
A retomada do
crescimento econômico para Lula deverá vir com o apoio dos bancos públicos.
Utilizar parte das reservas externas para que BNDES, Caixa e Banco do Brasil
voltem a financiar o desenvolvimento é a medida-síntese que ele adotaria, tendo
por referência a experiência bem-sucedida em seus dois mandatos. Qualquer
programa de governo para o Brasil precisa equacionar o problema do
financiamento, aí reside ponto central a ser enfrentado pelos presidenciáveis
em ambiente de criminalização do investimento e empréstimos públicos para
empresas, caminho para um capitalismo nacional possível.
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