Jhonatan Almada, Reitor do IEMA e ex-Secretário de CIência, Tecnologia e Inovação
Pensar caminhos para o desenvolvimento do Brasil é um desafio permanente e reposto a cada nova conjuntura político-eleitoral. Não conseguimos ir muito além de quatro anos, faz parte da nossa cultura política. China e Índia tocam seus planos quinquenais de forma ininterrupta há décadas, alcançando indicadores de crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico expressivos.
Os movimentos enquanto governador de São Paulo explicam esse ignorar a educação e ciência no discurso de presidenciável. O movimento para reduzir o percentual constitucional repassado à FAPESP, a violência contra os professores grevistas, os baixos salários pagos aos profissionais da educação e a crítica pública feita às pesquisas sem utilidade prática.
Listar um conjunto de realizações na área de educação e ciência de Geraldo Alckmin para contrapor o que estou afirmando não resolve. Não basta fazer muitas coisas, o cerne é em que medida elas tem coerência quanto ao objetivo de crescer com sustentabilidade e inclusão social. Os quantitativos podem impressionar, mas se olharmos para o histórico das políticas públicas dos últimos 50 anos, todos os governos tem quantitativos para apresentar.
Os Centros de Atenção Integral à Criança-CAIC criados pelo Governo Collor de Melo no início dos anos 1990 são exemplo cristalino de como desperdiçar dinheiro e não ver continuidade de uma política pública acertadíssima. Os CAICs são cemitérios de esperanças, abandonados, subutilizados, invadidos ou desviados de sua função original. Esqueceram de garantir o financiamento dos Centros (não existia Fundef ou Fundeb) e não combinaram institucionalmente o jogo de longo prazo com estados e municípios.
Lançar um programa de governo implica em deixar claro qual projeto de país se está defendendo e impedir que as agendas provisórias dos governantes decepcionem as esperanças inesgotáveis do povo brasileiro.
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