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AGENDA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA 2017



Jhonatan Almada, Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação


Um dos grandes desafios do Brasil para que a pesquisa produzida aqui tenha impactos no seu processo de desenvolvimento é estabelecer prioridades e regularidade no financiamento público, sobretudo considerando que a iniciativa privada não se apresenta nesse campo como em países avançados.

É oportuno pautar uma Agenda Prioritária para a área de Ciência e Tecnologia no Maranhão. Os programas Cidadão do Mundo, Luminar, Aulão do Enem, Cidadania Digital, InovaMaranhão e os cursos da Rede do IEMA são os carros-chefes da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Maranhão e continuarão sua implementação em 2017. 

Entretanto, precisamos avançar em outros temas fundamentais para a consolidação de uma política estruturante para o setor de Ciência e Tecnologia no Maranhão, tais como a Rede Ciência Maranhão, a Biblioteca Básica Maranhense, os Pontos do Saber, os IECTs e o Projeto Ignacio Rangel.

Devemos caminhar para a materialização da Rede Ciência Maranhão com mapeamento das instituições científicas e tecnológicas existentes nos 217 municípios, disponibilizando esses dados em plataforma virtual que permita integrar e divulgar suas ações. Poucos sabem do Museu Aeroespacial de Alcântara, do Museu de História Natural de Chapadinha ou do Centro de Pesquisas Arqueológicas de Imperatriz. Daí as lacunas nos levantamentos nacionais e internacionais sobre popularização e divulgação da ciência no Maranhão, como os feitos pela UNESCO e o MCTIC, onde figura somente o Laboratório Ilha da Ciência de São Luís.

A Biblioteca Básica Maranhense irá organizar e publicar livros-chave para a interpretação da realidade maranhense, abrindo novas leituras e reinventando a forma de compreender nosso estado para além das coleções oficiais que divulgam somente os autores ditos consagrados ou imortalizados. Essa Biblioteca será distribuída prioritariamente na rede do IEMA para ampliar os horizontes culturais de nossos estudantes.

Os Pontos do Saber serão incorporados aos Faróis do Saber, rede de bibliotecas públicas existentes em uma centena de municípios maranhenses, hoje geridas pela Secretaria de Educação e a de Cultura. A ideia é disponibilizar computadores, internet e kits científicos para revitalizar os Faróis como lugar de busca e produção de conhecimento, contando ainda com apoio de bolsistas da FAPEMA.

Devemos assinar os primeiros convênios para implantação dos Institutos Estaduais de Ciência e Tecnologia (IECTs), modelo local dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), cujo objetivo é focalizar os investimentos em pesquisa alocados pela FAPEMA nas áreas de interesse do Estado. Nesse sentido, priorizaremos a biotecnologia, a economia criativa e as energias renováveis, considerando a produção científica, a qualificação dos pesquisadores e a potencialidade socioeconômica.

Ignacio Rangel ao discutir a possibilidade de uma revolução técnico-científica no Brasil, defendeu que nossa política em matéria de ciência e tecnologia deveria “instrumentalizar uma forma de importação que nos permita utilizar a tecnologia importada em estado puro, isto é, como documentação ou simples informação” (Obras Reunidas, 2012, p. 386). Esse objetivo depende de cooperação internacional e da inserção de nossos pesquisadores em redes de produção de pesquisa, o que exige forte aporte do Estado no financiamento, tanto para as condições laboratoriais e insumos, como para a integração desses pesquisadores as redes.

Os IECTs são a ponte entre ciência e economia para solucionar problema não enfrentado de forma prática pelo Brasil até hoje e menos ainda no Maranhão. Quem tem poucos recursos não se pode dar o luxo de em tudo gastar, focalizar o investimento em pesquisa é necessário para sairmos do beco das commodities.  

O Projeto Ignacio Rangel busca responder às questões atinentes ao desenvolvimento do Brasil e do Maranhão com o apoio de pesquisadores recém-doutores que deverão identificar os principais problemas e os possíveis caminhos de superação. Acredito que este será o projeto de maior importância estratégica em nossa Agenda. Recentemente criamos o Centro Ignacio Rangel de Estudos do Desenvolvimento (CRangel).

Penso ser esta a síntese das prioridades que guardam sementes de futuro e merecem atenção pelo Governo do Maranhão.

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