Jhonatan Almada, historiador
As eleições municipais
de 2016 referendaram que não basta ser descendente de algum político com ou sem
mandato para ser eleito. Os eleitores cada vez mais se cansam das oligarquias
políticas e recusam contribuir para sua reprodução social. Certamente ainda é
cedo para chancelar a existência de uma tendência irreversível, mas os sinais
são fortes de que esse tempo passará.
Todo quadro tem o
esboço de suas exceções. O exercício permanente da democracia nos faz acreditar
que com o tempo iremos aperfeiçoar cada vez mais os nossos representantes
eleitos. Essa crença para se sustentar necessita de outros elementos
fundamentais, a exemplo de boa educação, independência financeira dos cidadãos,
sociedade civil fortalecida e acompanhamento dos mandatos. Na falta de um ou
outro desses elementos corremos o risco de ampliar ainda mais o crescente
espaço dos mandatos conservadores vinculados aos interesses da bala, da bíblia
e do boi.
A juventude tem se
mostrado o eleitorado mais sensível às modelagens políticas impostas pelas
redes sociais e aos enlatados vendidos na mídia televisionada. O lançamento da
Caravana Estudantil é uma iniciativa relevante para informar, formar e
politizar a juventude possibilitando mais criticidade e capacidade de analisar
a enxurrada digital de notícias, dados e informações que lhe chega. É nesse
campo que os candidatos valorizando o parecer, o enquadramento de câmera e
apresentando mínimo conhecimento conseguiram avançar sem barreiras.
A realização das
audiências públicas para definição dos cursos técnicos do Instituto Estadual de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) tem apontado para a grande
demanda reprimida por educação profissional. A oportunidade de participação
cidadã na escolha dos cursos e a abertura para o diálogo livre mostram que
ainda precisamos melhorar muito quanto aos elementos necessários para a
qualidade de nossa democracia.
As escutas territoriais
e consultas públicas realizadas para a definição das prioridades no Orçamento
do Governo do Estado são outra ferramenta relevante para esse aprendizado
democrático. Quando analisamos as prioridades escolhidas percebemos as lacunas
existentes entre a ação concreta de governo e o conhecimento da sociedade
quanto a isso. Ainda não conseguimos chegar diretamente nas pessoas sem lançar
mão de instrumentos tradicionais como a televisão e o rádio.
As oficinas
regionalizadas que servem para elaborar planos estaduais de políticas públicas
como as que fizemos para o Plano Decenal de Ciência, Tecnologia e Inovação
indicam a diversidade institucional que existe no Maranhão e a fragilidade das
redes de comunicação dos nossos pesquisadores e instituições, mesmo que elas
estejam uma do lado da outra em determinados municípios.
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