Jhonatan Almada, historiador
A atual conjuntura
política revela uma surpresa a cada esquina. Dizia aqui, reiterando o
Governador Flávio Dino, que o impeachment objetivava frear a Operação
Lava-Jato. Os recentes vazamentos já homologados pelo Supremo Tribunal Federal
explicitam essa questão. Trata-se de fato de um golpe do sistema político para
se preservar, apoiando-se naqueles que perderam as eleições de 2014, nos que
estão indiciados ou implicados nas investigações e na direita raivosa, fascista
e burroide saída de um buraco do tempo.
O governo interino de
Michel Temer comete tantas trapalhadas que não consigo sequer acompanhar. A
última envolveu a extinção do Ministério da Cultura, um dos poucos méritos do
Governo do PMDB de 1985. A ampla mobilização dos produtores de cultura obrigou
o governo a voltar atrás e recriar o Ministério. O Ministro do Planejamento
anuncia medidas de arrocho econômico para logo em seguida sair do cargo por
estar mais do que envolvido em denúncias e tramas contra a Operação Lava-Jato.
O Ministro da Educação recebe sugestões para a área de um ator questionável
pelas posições misóginas e anticomunistas sem qualquer competência técnica ou
experiência que dê lastro às sugestões. O Ministro da Saúde disse que vai rever
o tamanho do SUS por achá-lo muito caro e quase inviável, logo depois sabemos
que os Planos de Saúde financiaram a campanha do Ministro e o mesmo nunca pisou
em hospital público. O Ministro das Relações Exteriores encaminha manual aos
embaixadores explicando que o impeachment não é golpe.
Carlos Lacerda foi pago
no início da Ditadura de 1964 para viajar pelo exterior defendendo que não se
tratava de golpe no Brasil. Em Paris, afirmou aos repórteres que a ditadura
brasileira era como o casamento francês: - sem sangue. É lamentável que uma
vítima dessa Ditadura como José Serra, ex-líder estudantil se preste ao mesmo papel
em termos outros.
O mais curioso é ver a
própria imprensa expor seu machismo ao transformar em virtude de Michel Temer
aquilo que criticavam em Dilma Rousseff. Jornalistas com pose de seriedade e
sobriedade anunciam uns para os outros que Temer bateu na mesa e disse que sabe
governar ou que Temer foi Secretário de Segurança de São Paulo e disse que sabe
lidar com bandidos, e ainda que Temer em reunião afirmou não tolerar erros de
ninguém. Por menos disso a nossa imprensa isenta desrespeitou a Presidenta
Dilma e a chamou de histérica em várias matérias de capa, mas Temer sabe tudo.
O oportunismo político
dos que participaram no golpe tendo usado o PT e massacrado a oposição no
Maranhão por tantos anos é terrível. Sarney afirma ter renascido e fez um Ministro
além dos nomeados nos velhos cargos federais de sempre. Logo depois se revela
preocupado com o avanço das investigações e partícipe no acordão para derrubar
Dilma. Lobão Filho pleiteia juntamente com Sarney retirar o Porto do Itaqui do
Governo do Estado do Maranhão, não por que se preocupam com o Estado, mas por
que não têm mais irmãos e parentes ali contratados recebendo fortunas sem
trabalhar ou escritórios de advocacia pagos a peso de ouro. O Porto do Itaqui
se tornou lucrativo para o povo não mais para sua pequena enriquecida
oligarquia. Daí a revolta.
Ainda teremos muitos
desdobramentos difíceis em face do pacote econômico do governo interino de
Michel Temer. Aliás voltamos ao tempo dos pacotes econômicos, estavam sumidos
desde o início do século XXI.
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