Jhonatan Almada, historiador, integra o
quadro técnico da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A
destruição do complexo de Pedrinhas como proposta de solução dos problemas da
segurança pública maranhense é uma demonstração inequívoca do quanto o grupo
dominante local se descolou da realidade, vive em um limbo impenetrável, onde
discutem e se preocupam com a preservação do seu poder, projeção em carreiras e
aboletamento dos cargos públicos. Isolaram-se do cotidiano do povo, como afirma
Roberto da Matta.
É
como se para os problemas de educação pública existentes, bastasse derrubar as escolas
ou para os problemas de saúde pública, botar abaixo os grandes hospitais da capital e
assim por diante.
Intelectuais
como Benedito Buzar, na linha da atual estratégia do grupo dominante, qual
seja, igualar e ao mesmo tempo contrastar seu pré-candidato ao da oposição, chega
a colocar palavras na boca de Flávio Dino, afirmando que este
prometeu destruir a Casa de Veraneio de São Marcos. Na verdade, a promessa não
é destruir, mas vendê-la e retomar o patrimônio público apropriado de forma
pessoal pelos governadores do Maranhão ao longo do tempo.
A
grande virada de um governo da mudança é cortar radicalmente o conjunto de
luxos e privilégios que beneficiam não só o alto escalão do Poder Executivo do
Maranhão, mas os níveis intermediários também. Não recordo qualquer candidato ao
posto de Governador do Estado que sequer tenha tocado nesse assunto.
Alguns
dos luxos e privilégios ficaram mais patentes com a divulgação das listas de
compras das cozinhas do Palácio dos Leões, sem esquecer que o Vice-governador
também tem uma residência oficial; o uso de helicóptero da Polícia Militar pelo
senador José Sarney; os carros oficiais a disposição dos Governadores,
Assessores, Secretários de Estado e outros servidores com cargos de confiança
ou comissão; o número inacreditável de privilegiados que sem concurso público trabalham
por anos a fio em cargos de comissão, do auxiliar de serviços gerais aos
secretários adjuntos; policiais servindo como seguranças particulares; os intermináveis
aluguéis de prédios para órgãos públicos, sobretudo em áreas altamente
valorizadas pelo mercado mobiliário; as festas e banquetes, dentre outros.
Superar
esse quadro demanda um trabalho de envergadura e a proposta para
a Casa de São Marcos sinaliza um caminho positivo em um estado empobrecido,
focar a atuação do Estado nas políticas de proteção e promoção social,
retirando-o das políticas de apartheid
social que criam verdadeiras cortes principescas a gastar os recursos públicos
com o luxo pessoal.
Os governadores,
assim como todos os demais cidadãos, devem morar em suas casas, não em
Palácios, símbolo mais cristalino da distância entre governantes e governados, governo e povo.
Talvez a prédica e o exemplo do Papa Francisco deva ser mais praticada que
ouvida aqui no Maranhão. Assim como a Cúria Romana resiste ao novo modelo de
governar a Igreja, esperemos comportamento similar por parte das elites
maranhenses e seus apaniguados.
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