E ainda dizem que o Brasil não é mais o país da piada pronta, depois da onda de potência emergente. No entanto, parece que o Maranhão assumiu esse lugar, especialmente nesse quarto mandato da governadora Roseana Sarney. Ontem, dia 9/maio, ocorreu a aula inaugural do Plano Setorial de Qualificação Profissional (Planseq), claro que como tudo no governo estadual, especialmente próximas as eleições municipais de 2012, o evento e o programa devem se restringir a capital.
O gozado não é o fato da aula ter sido no Teatro ou o nome pomposo do plano, que se de fato existir, pelo menos enquanto documento, merece uma análise profunda. O gozado é que segundo o Secretário do Trabalho, José Antônio Heluy, esse programa irá qualificar mão-de-obra para os grandes investimentos que estão sendo implementados no Maranhão. O problema são os cursos oferecidos e, claro, para a periferia da capital: i. cuidador de idosos (talvez para cuidar dos trabalhadores com idade avançada nos canteiros das obras), ii. operador de caixa (para os supermercados que talvez sejam abertos), iii. mecânico de moto (afinal as pessoas tem que ter algum transporte para chegar ao trabalho e como carro não está ajudando), iv. borracheiro (para consertar os pneus das motos certamente), v. recepcionista (talvez atender a mão-de-obra importada que se hospedará em futuras pousadas e hotéis) e vi. empreendedor individual (um futuro Eike Batista em potencial).
Salvo engano, entre esses investimentos estão a Refinaria Premium da Petrobrás, um estaleiro, uma siderúrgica, um complexo agro-industrial, uma fábrica de celulose etc. Porém o programa não qualifica ninguém para os prováveis empregos diretos que esses investimentos irão gerar, qualifica para os improváveis empregos indiretos ou empreendimentos indiretos que poderão surgir.
É inacreditável como esse governo julga que todos nós somos idiotas ou incapazes de perceber falácias por trás de eventos teatralizados como sempre gostam de fazer. O problema é que por trás da teatralização não existe um único fundamento sólido o suficiente que possa amparar os delírios, as ilusões, as autoilusões e as promessas desse governo. Realmente estão preparando mão-de-obra para o mercado de trabalho, nunca esperemos um plano construído democraticamente que irá formar cada um e todos integralmente para o mundo da vida e do trabalho. Apesar de possuir uma Universidade Estadual razoavelmente espraiada não se menciona a expansão das vagas na educação superior nos cursos de engenharia por exemplo. Pelo visto, o maranhense pode no máximo ser um trabalhador precarizado no setor de serviços, nunca um trabalhador com alta qualificação.
Essa é a concepção de educação e de trabalho do Governo Roseana Sarney. E o mandato só termina em 2014. A greve dos educadores e educadoras continua.
Por Jhonatan Almada, historiador e membro da Associação Nacional de Política e Administração da Educação-Anpae
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