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Os professores são as novas bruxas

Jhonatan Almada, diretor do Ciepp Nos últimos anos, a carreira e a formação de professores vêm sofrendo um esvaziamento progressivo. O programa Pé-de-Meia Licenciaturas, lançado pelo Governo Federal como uma tentativa de estimular a permanência e a conclusão nos cursos de licenciatura, chegou num momento em que a profissão docente vive uma de suas maiores crises. No entanto, sua formulação e implementação parecem não dialogar com as raízes desse problema. É preciso reconhecer o cenário atual de desvalorização estrutural da carreira docente. Trata-se de uma percepção sustentada por evidências objetivas, como a histórica defasagem salarial dos professores em relação a outras profissões de nível superior — situação agravada por decisões recentes, como o pagamento de gratificações a militares que passam a atuar em escolas, substituindo educadores de carreira. Soma-se a isso um clima de desrespeito e insegurança nas escolas, como revela o mapeamento publicado pelo Ciepp sobre violações à li...
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A Matemática é um bicho-papão?

Jhonatan Almada, diretor do Ciepp Essa pergunta sempre me vem à mente quando observo o contínuo processo de escandalização em torno dos resultados dos estudantes brasileiros em Matemática. É inegável que há um problema, e ele não é novo. Apesar disso, precisamos reconhecer que o Brasil possui excelentes instituições na área de pesquisa em Matemática, como o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), que é uma referência internacional. Já quando se trata do ensino básico, os resultados de avaliações internacionais frequentemente são usados para expor o problema, mas eles não explicam as razões por trás desse desempenho. A imprensa brasileira, muitas vezes, deseja que essas avaliações tragam respostas prontas, mas elas não foram desenhadas para isso. Na verdade, não precisamos dessas avaliações internacionais para diagnosticar o problema, já que as avaliações nacionais do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) já fazem esse trabalho há anos. A questão central, porém, não é a...

A Educação do Brasil

A Educação do Brasil: cinco contrapontos necessários Este livro é fruto de um esforço de sistematização sobre cinco questões relevantes presentes no debate sobre a educação pública do Brasil e que tenho abordado em aulas, conferências e intervenções públicas, sobretudo para estudantes na Universidad Autónoma de Baja California (UABC), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Centro Universitário IESB, Universidade Estadual de Roraima (UERR), Centro Universitário UNDB, Faculdade Santa Luzia e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Portanto, há uma postura didática na minha escrita para responder às seguintes perguntas: 1. Existe só descontinuidade nas políticas educacionais brasileiras? 2. A infraestrutura escolar não importa para a qualidade do ensino? 3. Sobra recurso e falta gestão na educação pública? 4. A qualidade do ensino se resume aos resultados das avaliações? 5. As escolas militares são solução para os problemas da educação pública? Organizei as respostas para essas p...

Faltam recursos e gestão na educação

É sempre necessário lembrar Celso Furtado quando disse que economia sem ciência social é pura álgebra, assim se pode compreender o texto do economista Marcos Mendes publicado dia 1º de novembro na Folha Mendes se volta contra a expansão da complementação federal ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, por ter sido supostamente incapaz de entregar resultados melhores em exames como o PISA, avaliação internacional amostral. O aumento da participação federal no Fundeb de 10% para 23% foi previsto pela Emenda do Fundeb permanente em 2020 (EC 108), mas ainda não foi concluído, porque está escalonado para ocorrer paulatinamente de 2021 até 2026. Todavia Marcos Mendes se apressa em avaliar a mudança desde já, como se já estivesse plenamente implementada há décadas. O autor ignora ou deliberadamente desconsidera que reformas educacionais não produzem efeitos imediatos, tampouco são automáticas, porque demandam enraiza...