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Tetsuo Tsuji - um sumurai em terras do Maranhão

Esta semana faleceu meu querido amigo Tetsuo Tsuji (1941-2023), um sumurai em terras maranhotas.

Nascido em 13 de julho de 1941 em São Paulo construiu sua carreira lá e no Maranhão. Neste espaço presto minha sincera homenagem.

Formado em Administração Pública e Direito pela USP, mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas-FGV e doutor em Administração pela USP.
Tetsuo trabalhou na Secretaria de Finanças do Estado de São Paulo e foi professor na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.

Largou tudo e veio para Maranhão ser empresário na área de agricultura e pesca, formou família.
A vida acadêmica volta na Universidade Federal do Maranhão-UFMA onde se tornou professor e reconstruiu carreira.

No Maranhão foi pioneiro nos estudos de futuro e planejamento estratégico, contribuindo para o processo de planejamento do desenvolvimento no âmbito do Governo do Estado.
É aqui que nos conhecemos, na experiência do Governo Jackson Lago (2007-2009).

Tinha uns 25 anos e fui convidado para Chefe de Gabinete do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos-IMESC, órgão da Secretaria de Planejamento do Estado.

O convite veio do mestre Raimundo Palhano, amigo querido e grande mentor. Trabalhei na equipe de Aziz Santos, o melhor Secretário de Planejamento que o Maranhão já teve.
Preciso lembrar que esse governo foi o primeiro vindo da oposição que venceu o Sarney.

Trabalhei com Tetsuo Tsuji nas oficinas de planejamento para levantar as demandas sociais nas 32 regiões do Maranhão, produzimos relatório que serviu de base para o Plano Plurianual.
Depois, realizamos nova rodada de oficinas para fazer a devolutiva para as pessoas.

Logo em seguida, participei no estudo de cenários para o Maranhão que Tetsuo coordenou. Isso foi publicado como livro "O que o Maranhão quer ser quando for grande". Escrevi sobre a esperada política do futuro, junto com o querido João Batista Ericeira.

O trabalho seguinte e mais importante para o governo foi a implantação das 32 Regiões de Planejamento, Tetsuo começou as oficinas para criação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento.
Nosso governo foi derrubado em 2009 por decisão do TSE. Tudo foi esquecido e abandonado.

Tetsuo na convivência do trabalho era aplicado, sistemático, detalhista e também bem-humorado.
Um dos trabalhos que eu fazia era a edição dos artigos de opinião para os jornais locais. Cortei um trecho do artigo dele para adequar ao espaço.
Ficou muito zangado comigo, só naquele momento. Eu tinha o maior carinho e respeito por ele.

Passado o governo, tentou reavivar um Grupo de Estudos sobre Desenvolvimento do Maranhão, chamado Grupo Ignacio Rangel.
Continuamos em contato e retomamos a relação via publicações. Como ele mesmo diz no pôr do sol da sua vida, publicou de forma intensa.

Perdi as contas dos livros que ele publicou recentemente, me ajudou no CIEPP e doou o livro sobre Planejamento Estratégico para levantar algum dinheiro e dar corpo ao nosso Centro.
Organizei lançamento virtual e junto com prefaciadores um lançamento presencial na Livraria AMEI.

Ele dizia que o espírito da verdade reside no feedback, sempre achei isso instigador. Não posso esquecer do artigo que publicamos juntos na revista Cadernos de Desenvolvimento do Centro Celso Furtado, sintetizando nossa experiência no Governo Jackson Lago.

Ali ele escreveu "o Maranhão perdeu uma grande oportunidade de se tornar integralmente e verdadeiramente um estado com uma população atuante, autora e agente do seu desenvolvimento, por meio meio da regionalização e descentralização".
Foi experiência marcante na minha vida.

O pôr do sol pode parecer o fim, mas para Tetsuo Tsuji foi a alvorada dos livros, os quais apresentarei em outro espaço.
Tetsuo foi samurai nesse pôr do sol e como no Bushido teve morte condigna, venceu a si próprio, venceu com o espírito e viveu intensamente o momento atual.

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