Pular para o conteúdo principal

Tempo de recolhimento


Eu, que sou cego,
- mas só peço luzes...
Que sou pequeno,
- mas só fito os Andes...,
Canto nest'hora
Castro Alves


Por mais que saibamos, sempre há por saber, infindável e inumerável é o conhecimento, por isso precisamos de mais luzes para ir clareando aquilo que for possível, pois curta é a vida. Sábio é saber-se cego e buscar as luzes.

Ante esse conhecimento infinito e a vida curta nos sabemos pequenos, um entre bilhões de almas do mundo. Porém, cientes disso, precisamos ter ambição e ousadia para olhar mais longe e mais alto, deixando a marca da nossa singularidade, o nosso canto.

Existe a hora, o tempo propício para o canto, mas não há precisão. Pode ser o longo tempo em que o rio leva para fazer polida a pedra bruta. Talvez seja aquele curto espaço de tempo que leva para o beija-flor bater as asas e voar. É um dos mistérios da existência humana.

Ante o tumulto do mundo é preciso recolhimento para a reflexão, assim abre-se a janela de tempo e podemos fazer como a máquina que minera e separa o precioso do descartável. A palavra não é necessária ainda, somente a lavoura do pensamento.

Tudo pesado e separado, o pensamento ganha a luz pela palavra, por ser flecha que não volta ao ser atirada há de ter-se zelo e paciência. É delicada neste início e precisa de intenso trabalho para ganhar densidade e ressoar como a pedra no lago, produzindo ondas e espraiando.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BANQUE O DURO, MEU CHEFE

BANQUE O DURO , MEU CHEFE ! Por Raimundo Palhano Não deixe o seu lugar. Foi o conselho do venerável Bita do Barão de Guaré ao presidente do Senado, José Sarney, que, ao que parece, está sendo levado extremamente a sério. Quem ousaria desconsiderá-lo? Afinal, não se trata de um simples palpite. Estamos frente à opinião de um sumo sacerdote do Terecô, um mito vivo para o povo de Codó e muitos outros lugares deste imenso Maranhão. Um mago que, além de Ministro de Culto Religioso, foi agraciado pelo próprio Sarney, nos tempos de presidência da República, com o título de Comendador do Brasil, galardão este acessível a um pequenino grupo de brasileiros. Segundo a Época de 18.02.2002, estamos falando do pai de santo mais bem sucedido, respeitado, amado e temido do Maranhão. Com toda certeza o zelador de santo chegou a essa conclusão consultando seus deuses e guias espirituais. Vale recordar que deles já havia recebido a mensagem de que o Senador tem o “corpo fechado”. Ketu,

Tetsuo Tsuji - um sumurai em terras do Maranhão

Esta semana faleceu meu querido amigo Tetsuo Tsuji (1941-2023), um sumurai em terras maranhotas. Nascido em 13 de julho de 1941 em São Paulo construiu sua carreira lá e no Maranhão. Neste espaço presto minha sincera homenagem. Formado em Administração Pública e Direito pela USP, mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas-FGV e doutor em Administração pela USP. Tetsuo trabalhou na Secretaria de Finanças do Estado de São Paulo e foi professor na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Largou tudo e veio para Maranhão ser empresário na área de agricultura e pesca, formou família. A vida acadêmica volta na Universidade Federal do Maranhão-UFMA onde se tornou professor e reconstruiu carreira. No Maranhão foi pioneiro nos estudos de futuro e planejamento estratégico, contribuindo para o processo de planejamento do desenvolvimento no âmbito do Governo do Estado. É aqui que nos conhecemos, na experiência do Governo Jackson Lago (2007-2009). Tinha uns 2

A escola honesta

a) O que falta na escola pública? 69% não tem bibliotecas 91% não tem laboratório de ciências 70% não tem laboratório de informática 77% não tem sala de leitura 65% não tem quadra de esportes 75% não tem sala de atendimento especial São dados do Censo Escolar de 2022 e que acompanho há mais de 10 anos, afirmo com segurança, pouco ou quase nada mudou. b) E as propostas de solução? - formação continuada - flexibilidade curricular - gestão por resultados - avaliações de aprendizagem - plataformas a distância - internet Darcy Ribeiro finaliza um dos seus livros mais emblemáticos dizendo que nossa tarefa nacional é criar escola honesta para o povo. Quando?