Pular para o conteúdo principal

A EDUCAÇÃO SEM MINISTÉRIO

Não há justificativa racional para o Brasil estar sem rumo no Ministério da Educação. Ainda que o governo seja autoritário e liberal, desprovido de qualquer criatividade. Nós temos metas e estratégias a serem cumpridas na educação, elas foram estabelecidas no Plano Nacional de Educação-PNE (Lei Nº 13.005/2014), comprometendo os poderes públicos até o ano de 2024. Qual a dificuldade de ler o PNE e colocar em prática?

O Relatório de Avaliação do PNE divulgado pelo Inep mostra que só cumprimos 1 das 20 metas. O mais grave é que retrocedemos em áreas como educação integral e no financiamento da educação. Os gastos na área de educação caíram, influenciados pelo contexto de crise econômica e fiscal, os governos federal, estaduais e municipais realizaram cortes e contenções na manutenção e desenvolvimento do ensino.

A educação integral seria a redenção dessa escola pública medíocre oferecida aos 38 milhões de estudantes. Não é um falso consenso, essa escola completa é que existe no mundo, aqui convivemos há décadas com a aberração das escolas de tempo parcial. Não basta inaugurar escolas, agenda necessária, mas insuficiente e por vezes equivocada.

A grande revolução é mudar o modelo pedagógico das escolas, mudar o modelo é implantar a educação integral. É claro que isso trará demandas por infraestrutura e equipamentos, pessoal e insumos. As crianças e os jovens mais pobres não podem ter uma escola de excelência?

O Anuário da Educação Básica Brasileira deste ano, documento produzido pelo movimento Todos pela Educação, traz novamente, dados gravíssimos da crise de aprendizagem que vivemos na escola pública.

Meu caro leitor, você considera razoável que de cada 100 estudantes que começam a educação básica, somente 65 chega a concluir? Não lhes revolta o fato de 70,9% desses estudantes não aprenderem o adequado de português e 90,8% não aprenderem o adequado de matemática?

É preciso colocar a mão na consciência, essa responsabilidade é coletiva, mas essencialmente daqueles que estão com o poder de mando no país. É inacreditável e inaceitável desrespeitar esses problemas, esvaziar o Ministério da Educação e nos atrasar mais ainda naquilo em que acumulamos déficits, desperdícios e amadorismos.

Registro meu veemente protesto contra tal situação. O Brasil não pode conduzir uma política educacional sem Ministério, sem Ministro, vacilando na escuridão sem azeite no candeeiro.

O Relatório “Direito a educação: impacto da crise da COVID-19 no direito à educação” apresentado no Conselho de Direitos Humanos critica as medidas de austeridade que afetam os orçamentos da área de educação agravando os impactos da crise. O Brasil é citado como exemplo negativo em que essas medidas levam ao desmantelamento das políticas sociais. Diante disso, relembro Anísio Teixeira “não se pode fazer educação barata – como não se pode fazer guerra barata. Se é a nossa defesa que estamos construindo, o seu preço nunca será demasiado caro, pois não há preço para a sobrevivência”. É algo impossível de fazer?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BANQUE O DURO, MEU CHEFE

BANQUE O DURO , MEU CHEFE ! Por Raimundo Palhano Não deixe o seu lugar. Foi o conselho do venerável Bita do Barão de Guaré ao presidente do Senado, José Sarney, que, ao que parece, está sendo levado extremamente a sério. Quem ousaria desconsiderá-lo? Afinal, não se trata de um simples palpite. Estamos frente à opinião de um sumo sacerdote do Terecô, um mito vivo para o povo de Codó e muitos outros lugares deste imenso Maranhão. Um mago que, além de Ministro de Culto Religioso, foi agraciado pelo próprio Sarney, nos tempos de presidência da República, com o título de Comendador do Brasil, galardão este acessível a um pequenino grupo de brasileiros. Segundo a Época de 18.02.2002, estamos falando do pai de santo mais bem sucedido, respeitado, amado e temido do Maranhão. Com toda certeza o zelador de santo chegou a essa conclusão consultando seus deuses e guias espirituais. Vale recordar que deles já havia recebido a mensagem de que o Senador tem o “corpo fechado”. Ketu,

Tetsuo Tsuji - um sumurai em terras do Maranhão

Esta semana faleceu meu querido amigo Tetsuo Tsuji (1941-2023), um sumurai em terras maranhotas. Nascido em 13 de julho de 1941 em São Paulo construiu sua carreira lá e no Maranhão. Neste espaço presto minha sincera homenagem. Formado em Administração Pública e Direito pela USP, mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas-FGV e doutor em Administração pela USP. Tetsuo trabalhou na Secretaria de Finanças do Estado de São Paulo e foi professor na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Largou tudo e veio para Maranhão ser empresário na área de agricultura e pesca, formou família. A vida acadêmica volta na Universidade Federal do Maranhão-UFMA onde se tornou professor e reconstruiu carreira. No Maranhão foi pioneiro nos estudos de futuro e planejamento estratégico, contribuindo para o processo de planejamento do desenvolvimento no âmbito do Governo do Estado. É aqui que nos conhecemos, na experiência do Governo Jackson Lago (2007-2009). Tinha uns 2

A escola honesta

a) O que falta na escola pública? 69% não tem bibliotecas 91% não tem laboratório de ciências 70% não tem laboratório de informática 77% não tem sala de leitura 65% não tem quadra de esportes 75% não tem sala de atendimento especial São dados do Censo Escolar de 2022 e que acompanho há mais de 10 anos, afirmo com segurança, pouco ou quase nada mudou. b) E as propostas de solução? - formação continuada - flexibilidade curricular - gestão por resultados - avaliações de aprendizagem - plataformas a distância - internet Darcy Ribeiro finaliza um dos seus livros mais emblemáticos dizendo que nossa tarefa nacional é criar escola honesta para o povo. Quando?