Meu primeiro trabalho foi como estagiário no Laboratório de Informática da Universidade, ao longo dos meus doze anos de educação básica não me lembro de ter visto um como aquele, nunca. Hoje é impensável e até inaceitável que a escola pública não tenha laboratório de informática, concorda comigo? No entanto, o Brasil possui 141.298 escolas públicas, destas, somente 38% tem laboratório de informática.
Como falar em cultura digital, maker ou pensamento computacional nestas escolas? A minha experiência com as escolas rurais traz a resposta a essa pergunta, são 56.954 escolas públicas rurais em nosso país. É o computador da diretoria e os notebooks dos professores que trazem a esses estudantes algum contato com a tecnologia contemporânea.
Não basta ter laboratório, precisa de internet. Não basta qualquer internet, tem que ser veloz. Lamentavelmente, a internet chega a 67% das escolas públicas, com banda larga chega a 54% delas. As escolas públicas rurais ostentam acesso mínimo e precário, 34% tem internet, 21% tem banda larga.
Se sabemos quantas escolas precisam de computadores e internet, o que falta para garantir a inclusão digital? Falta política pública consistente e continuada para além dos governos de cada ocasião. Nesse campo da tecnologia nas escolas, o Brasil desde a década de 1980 tenta implementar um programa que leve internet e computadores para as escolas, a iniciativa federal mais recente é o Programa de Inovação Educação Conectada que promete resolver esse problema até 2024.
Resolvendo esse problema garantimos a inclusão digital dos estudantes? Por um lado, sim, resolvemos nas escolas. Por outro, não. Situações emergenciais como a da pandemia trouxeram a realidade das casas dos estudantes, cujo acesso à computador e internet é limitado ou inexistente.
A desigualdade está mais explícita no universo dos domicílios brasileiros. O celular é a principal tecnologia, presente em 93% das casas, se considero somente a área rural, esse número cai para 85%. O computador de mesa só existe em 19%, o notebook em 27% e o tablet em 14% dos lares.
Se colocarmos a lupa por classes de renda a situação fica mais precisa. Entre as classes DE somente 2% possuem computador de mesa, 3% notebooks e 4% tablets. Não há inclusão digital verdadeira sem os menos favorecidos, os estudantes das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza também devem ser incluídos na política pública.
Meu amigo Ruy Gueiros, Reitor do Centro Universitário Eniac de São Paulo tomou uma iniciativa muito interessante. Eles fecharam parceria com uma operadora de telefonia e distribuíram chips com 6 GB de dados para que os estudantes usem em seus celulares e tablets.
A inclusão digital não pode se reduzir à escola, deve alcançar todos os estudantes, sobretudo aqueles mais excluídos, distribuindo chips, notebooks ou tablets. Foi aprovado pela Câmara dos Deputados e está tramitando no Senado Federal, projeto de lei sobre a política de inovação educação conectada (PL 142/2018).
É uma oportunidade ímpar para enfrentarmos o problema da exclusão digital no Brasil. Precisamos aperfeiçoar o projeto e torná-lo política pública mais completa, atendendo as escolas públicas e a diversidades de seus estudantes, quem sabe assim conseguiremos superar uma de nossas desigualdades educativas.
Como falar em cultura digital, maker ou pensamento computacional nestas escolas? A minha experiência com as escolas rurais traz a resposta a essa pergunta, são 56.954 escolas públicas rurais em nosso país. É o computador da diretoria e os notebooks dos professores que trazem a esses estudantes algum contato com a tecnologia contemporânea.
Não basta ter laboratório, precisa de internet. Não basta qualquer internet, tem que ser veloz. Lamentavelmente, a internet chega a 67% das escolas públicas, com banda larga chega a 54% delas. As escolas públicas rurais ostentam acesso mínimo e precário, 34% tem internet, 21% tem banda larga.
Se sabemos quantas escolas precisam de computadores e internet, o que falta para garantir a inclusão digital? Falta política pública consistente e continuada para além dos governos de cada ocasião. Nesse campo da tecnologia nas escolas, o Brasil desde a década de 1980 tenta implementar um programa que leve internet e computadores para as escolas, a iniciativa federal mais recente é o Programa de Inovação Educação Conectada que promete resolver esse problema até 2024.
Resolvendo esse problema garantimos a inclusão digital dos estudantes? Por um lado, sim, resolvemos nas escolas. Por outro, não. Situações emergenciais como a da pandemia trouxeram a realidade das casas dos estudantes, cujo acesso à computador e internet é limitado ou inexistente.
A desigualdade está mais explícita no universo dos domicílios brasileiros. O celular é a principal tecnologia, presente em 93% das casas, se considero somente a área rural, esse número cai para 85%. O computador de mesa só existe em 19%, o notebook em 27% e o tablet em 14% dos lares.
Se colocarmos a lupa por classes de renda a situação fica mais precisa. Entre as classes DE somente 2% possuem computador de mesa, 3% notebooks e 4% tablets. Não há inclusão digital verdadeira sem os menos favorecidos, os estudantes das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza também devem ser incluídos na política pública.
Meu amigo Ruy Gueiros, Reitor do Centro Universitário Eniac de São Paulo tomou uma iniciativa muito interessante. Eles fecharam parceria com uma operadora de telefonia e distribuíram chips com 6 GB de dados para que os estudantes usem em seus celulares e tablets.
A inclusão digital não pode se reduzir à escola, deve alcançar todos os estudantes, sobretudo aqueles mais excluídos, distribuindo chips, notebooks ou tablets. Foi aprovado pela Câmara dos Deputados e está tramitando no Senado Federal, projeto de lei sobre a política de inovação educação conectada (PL 142/2018).
É uma oportunidade ímpar para enfrentarmos o problema da exclusão digital no Brasil. Precisamos aperfeiçoar o projeto e torná-lo política pública mais completa, atendendo as escolas públicas e a diversidades de seus estudantes, quem sabe assim conseguiremos superar uma de nossas desigualdades educativas.
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