JACKSON, MEMÓRIA E VIDA
Talvez o tempo sempre traga consigo alguns ensinamentos cuja tradução não seja permitida à primeira vista ou contato com os participantes desta breve aventura humana, extrapolando mesmo os limites da própria existência. A história que as pessoas vão tecendo junto com as outras dignificam (ou não) suas passagens pela estação terrena, a partir das obras e ações que perpetuam a nossa espécie, em diferentes épocas e partes do mundo.
Aqui no Maranhão, ao arrepio das biografias mais degradantes e depravadas política e moralmente, alguns personagens marcaram sua passagem pela história do nosso estado, não pelos caminhos fáceis do conformismo e da aliança com os poderosos de sempre, porém pelas lições de humanismo e compromisso que tiveram com a construção de uma sociedade mais justa, solidária e livre dos mandos e desmandos coronelistas e oligárquicos que de há muito campeiam e infelicitam nossas vidas.
As páginas da existência das pessoas que compõem este último grupo, para o bem da humanidade e sem enveredar pelo nefasto culto da personalidade, precisam ser compartilhadas com o máximo de indivíduos e instituições democráticas para que as gerações presentes e futuras possam fazer uma interpretação crítica dos atos e fatos produzidos por estas personagens, que contribuiram, cada qual ao seu modo, para a melhoria da qualidade de vida do povo maranhense.
A memória é algo que carrega consigo uma grande carga de simbologia ideológica, portanto, embora possa adquirir contornos de unanimidade por alguns biógrafos, jamais será neutra. Museus e instituições de estudos e pesquisas, em todo o planeta, se debruçam em esforços diversificados para interpretar, com a devida fidelidade, as histórias dos seres e das coisas dentro dos contextos em que estas aconteceram.
Nesta próxima quarta-feira, 04 de abril, no auditório da OAB/MA (Calhau), a partir das 19 horas, será realizada a cerimônia de fundação do Instituto Jackson Lago. Esta data carrega consigo uma simbologia política e histórica de grande significado para todos nós maranhenses, pois neste mesmo dia, há exatamente um ano, falecia o Governador Jackson Lago, figura humanista emblemática, que dá nome ao instituto, cuja passagem pelo cenário político e administrativo do Maranhão e do Brasil continuará contribuindo com a construção e reconstrução da verdadeira história social do nosso estado.
Como já escrevi em outro artigo nesta coluna, o Instituto Jackson Lago nasce desligado de vinculações político-partidárias, e tem como principal objetivo incentivar e promover os estudos e pesquisas sobre a realidade social, política, econômica, ambiental e cultural do Maranhão, a partir da afirmação da dignidade da pessoa humana e do reconhecimento dos seus respectivos direitos, subsidiando movimentos sociais e praticando o intercâmbio com outras instituições acadêmicas e populares afins.
O Instituto Jackson Lago também será responsável pela preservação do acervo do seu patrono, por meio da guarda de documentos produzidos em vários suportes de mídia e dos registros da memória coletiva acumulada, que retratam sua participação política em diferentes etapas de luta e resistência do povo brasileiro pela democratização do País e do Estado do Maranhão.
Jackson Lago (1934-2011) foi Governador do Maranhão, Prefeito de São Luís por três mandatos, Deputado Estadual, Médico, fundador do PDT e, acima de tudo, um militante das causas humanistas e libertárias, como são exemplos: a luta pela anistia aos presos e exilados políticos, a campanha das Diretas Já e o combate à oligarquia mais longeva de que se tem notícia instalada em uma unidade da República Federativa do Brasil.
Da programação prevista para a fundação do Instituto, nesta 4ª feira, 04 de abril, constam, pela ordem:
19h00 – Posse da Diretoria e Coordenadores do Instituto;
19h15 – Apresentação do documentário “Jackson Lago – Fios da História”;
19h30 – Lançamento do edital de concurso público para escolha da marca do Instituto; e
19h35 – “Diálogos Jackson Lago” 1ª edição inaugurando as atividades do Instituto, com palestra do historiador Marco Antonio Villa, pesquisador e professor da Universidade Federal de São Carlos.
O convite se estende a todos aqueles que acreditam e continuam dedicando seus esforços para a construção de um Maranhão JUSTO, LIVRE e SOLIDÁRIO, onde a dignidade da pessoa humana possa prevalecer como prioridade pública de toda e qualquer administração.
À memória deste ilustre maranhense, nossas sinceras e legítimas homenagens!
Joazinho Ribeiro, poeta/compositor.
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