Os equívocos do "Programa Saúde é Vida" do Maranhão
A "resposta" do sr. Ricardo Murad sobre a nota publicada pela Veja quanto ao Programa Saúde é Vida não pode ser levada à sério. A nota da Veja denuncia a licitação dos hospitais, o descumprimento do prometido quando do lançamento do programa, a doação das construtoras "ganhadoras" à campanha eleitoral de Roseana Sarney e a paralisia atual das obras. O sr. Ricardo se esquiva de responder a todas essas questões e publica, juntamente com a governadora, um panfleto com fotos dos hospitais e novas promessas de prazos e entrega (http://www.youblisher.com/files/publications/23/135707/pdf.pdf).
Um ponto importante a ser destacado é que a decisão de construir os hospitais não partiu de nenhum estudo preciso das necessidades da população, das possibilidades de financiamento público e da disponibilidade de pessoal para atuar nas futuras estruturas quando entrarem em funcionamento. O conhecido "trator" passou por cima do Conselho Estadual de Saúde.
Outro ponto importante é que esse programa não tem nada de original ou único na história é apenas uma iniciativa caroneira do programa de construção de UPAs implementado pelo Governo Federal.
O terceiro ponto importante é que esse "programa" nem pode ser considerado como tal, pois não faz parte de nenhum plano global do Governo Estadual, não está articulado a um projeto estadual de desenvolvimento, aqui entendido em suas múltiplas dimensões. É tão somente uma iniciativa voluntarista, por que despreparada; oportunista, por que se apropria de uma bandeira história da oposição e a desfigura, pois não se pode pensar em saúde pública no Brasil e em boa parte dos países do mundo, ignorando a necessária regionalização dos serviços e a complexidade em termos de custos e pessoal.
Por fim, não pensemos que esse "programa" irá resolver os problemas da saúde pública do Estado do Maranhão, os quais são muito mais complexos que a mera construção de estruturas "hospitalares", como se unidade de saúde, posto de saúde e hospital fossem tudo a mesma coisa. É impressionante que o amadorismo e o voluntarismo da atual gestão da Secretaria de Saúde e do Governo Estadual ignore a existência de um Programa de Pós-graduação em Saúde Pública e outro em Políticas Públicas, na UFMA, com razoável acúmulo de estudos e pesquisas relevantes para se pensar em uma política de saúde mais concreta.
No Maranhão ainda vivemos a menoridade e não sejamos ingênuos ao acreditar que da dinastia Sarney sairá algo razoável. Os fatos comprovam cada vez mais isso. Estamos urgentemente necessitando de uma Primavera Árabe, de uma Puerta del Sol aqui.
Por Jhonatan Almada, historiador e membro da Associação Internacional para Investigação e Desenvolvimento sócio-cultural-AGIR (sede em Portugal).
A "resposta" do sr. Ricardo Murad sobre a nota publicada pela Veja quanto ao Programa Saúde é Vida não pode ser levada à sério. A nota da Veja denuncia a licitação dos hospitais, o descumprimento do prometido quando do lançamento do programa, a doação das construtoras "ganhadoras" à campanha eleitoral de Roseana Sarney e a paralisia atual das obras. O sr. Ricardo se esquiva de responder a todas essas questões e publica, juntamente com a governadora, um panfleto com fotos dos hospitais e novas promessas de prazos e entrega (http://www.youblisher.com/files/publications/23/135707/pdf.pdf).
Um ponto importante a ser destacado é que a decisão de construir os hospitais não partiu de nenhum estudo preciso das necessidades da população, das possibilidades de financiamento público e da disponibilidade de pessoal para atuar nas futuras estruturas quando entrarem em funcionamento. O conhecido "trator" passou por cima do Conselho Estadual de Saúde.
Outro ponto importante é que esse programa não tem nada de original ou único na história é apenas uma iniciativa caroneira do programa de construção de UPAs implementado pelo Governo Federal.
O terceiro ponto importante é que esse "programa" nem pode ser considerado como tal, pois não faz parte de nenhum plano global do Governo Estadual, não está articulado a um projeto estadual de desenvolvimento, aqui entendido em suas múltiplas dimensões. É tão somente uma iniciativa voluntarista, por que despreparada; oportunista, por que se apropria de uma bandeira história da oposição e a desfigura, pois não se pode pensar em saúde pública no Brasil e em boa parte dos países do mundo, ignorando a necessária regionalização dos serviços e a complexidade em termos de custos e pessoal.
Por fim, não pensemos que esse "programa" irá resolver os problemas da saúde pública do Estado do Maranhão, os quais são muito mais complexos que a mera construção de estruturas "hospitalares", como se unidade de saúde, posto de saúde e hospital fossem tudo a mesma coisa. É impressionante que o amadorismo e o voluntarismo da atual gestão da Secretaria de Saúde e do Governo Estadual ignore a existência de um Programa de Pós-graduação em Saúde Pública e outro em Políticas Públicas, na UFMA, com razoável acúmulo de estudos e pesquisas relevantes para se pensar em uma política de saúde mais concreta.
No Maranhão ainda vivemos a menoridade e não sejamos ingênuos ao acreditar que da dinastia Sarney sairá algo razoável. Os fatos comprovam cada vez mais isso. Estamos urgentemente necessitando de uma Primavera Árabe, de uma Puerta del Sol aqui.
Por Jhonatan Almada, historiador e membro da Associação Internacional para Investigação e Desenvolvimento sócio-cultural-AGIR (sede em Portugal).
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