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É POSSÍVEL REABRIR AS ESCOLAS

Menos de 200 cidades do país têm datas para retomar aulas presenciais na  rede pública em 2020 | Atualidade | EL PAÍS Brasil 

É preciso organizar a reabertura das escolas públicas em 2021 com os cuidados sanitários devidos, por outro lado e em paralelo, priorizar a vacinação das equipes escolares (professores, gestores, técnico-administrativos e terceirizados). Não há tempo a perder, estamos entregando uma geração de estudantes para a desigualdade por incompetência e inação.

O trabalho de preparação para reabrir as escolas deve ocorrer neste mês de janeiro, que na educação só deve ser férias para os estudantes e professores. As equipes técnicas devem organizar a retomada das aulas ainda no primeiro semestre de 2021 de forma gradual e escalonada.

A primeira tarefa é assegurar os insumos e adaptações necessárias, máscaras, álcool em gel, distanciamento e reorganização das salas de aula e turmas. Se pode fazer a retomada presencial escalonada a partir de fevereiro, conforme avançar a vacinação, 30% dos estudantes no primeiro mês, 50% no segundo mês, 75% no terceiro mês até chegar a 100% no quarto mês letivo, existem muitas possibilidades e combinações possíveis.

A segunda tarefa é construir e explicar a nova rotina escolar aos estudantes e famílias, professores e equipes escolares de modo geral. Explicar não é só produzir cartilhas, lembremos que alguns pais não sabem ler, precisa fazer vídeos e gravar áudios com as orientações.

A terceira tarefa é avaliar o quanto conseguiram aprender em 2020 sob tão injustas condições de ensino remoto. Feito o diagnóstico devemos começar a recuperação do ensino e aprendizagem. No caso de gestões municipais novas, busquem saber o que já foi feito pela administração anterior, cuidado com os números e estatísticas que exageram o êxito e subestimam o fracasso. O poder público errou, falhou e tardou na sua resposta para a educação pública.

A quarta tarefa é organizar a oferta parcial do ensino à distância combinado com o ensino presencial, garantindo a inclusão digital. Não adianta chip se o estudante não tem celular ou tablet, devemos agir sim, mas agir com inteligência e completude. Inclusão digital deve ocorrer no bojo de programa consistente que alcance a escola e o domicílio do estudante.

A quinta tarefa é formular o plano de contingência, caso existam estudantes ou profissionais infectados, a escola suspende o ensino presencial e retoma o ensino a distância. Isso exigirá bom senso por parte de toda a comunidade escolar e das autoridades responsáveis.

A sexta tarefa é criar a sala de situação para monitorar e agir conforme a necessidade durante a implementação da reabertura das escolas. Monitorar não é criar grupo de whatsapp e enviar áudio ou texto, significa dispor de quadro situacional geral e específico a ser checado constantemente, escola por escola, de forma presencial e digital.

A sétima tarefa é estabelecer comunicação e transparência de todo o processo de reabertura das escolas para a sociedade, isso vai ajudar a corrigir excessos e equívocos. A tendência de filtrar o que está errado e mostrar somente o que está funcionando falsifica a opinião pública, se livrar das contradições não as fazem sumir. Essa medida demanda coragem e ponderação.

O que é inaceitável, sobretudo para os estudantes mais pobres que dependem da escola pública, é o adiamento e o vácuo decisório. O trabalho não finaliza com decretos e portarias, pois os documentos são estáticos, a educação é uma prática social dinâmica que a eles não se reduz, nem se limita.

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