Vivemos momento angustiante na educação pública do nosso país, pela primeira vez em muito tempo, não sabemos qual é a política educacional e as linhas de ação dela. Apesar das intencionalidades e vontade de fazer das equipes responsáveis pelos destinos de nossas instituições, estamos ignorando o fogo de monturo que consome gerações de crianças e jovens.
Os desafios são conhecidos e não faltam estudos e pesquisas para nos fundamentar. Falta rumo, rota e comando. É do Quênia, na mãe África cantada por Chico César, que vem notícias para repor nossas esperanças.
O professor Peter Tabichi, 36 anos, foi o vencedor do Global Teacher Prize. Franciscano, doa 80% do salário para a própria escola onde leciona, a Keriko Secondary School, em Nakuru, zona rual do Quênia. Professor de matemática e física acreditou e investiu no talento dos seus estudantes, levando-os a vencer olimpíadas do conhecimento e a ter sua escola reconhecida como a melhor na área de ciências do país.
Estudantes de diferentes etnias, percentual deles órfãos, pobreza, fome, classes superlotadas, precariedades de toda ordem. Ainda assim, o professor liderou a mudança na escola. Isso é positivo, se reforça em nós a importância e o papel do professor, isso é negativo, se nos fizer crer que basta ter boa vontade.
O comovente depoimento que nos toca pela fé no trabalho e nas pessoas não pode nos fazer esquecer algo. O sucesso escolar para ser alcançado não depende do magistério como apostolado, depende do magistério qualificado, valorizado e empenhado no exercício de ensinar e aprender. A excepcionalidade quase mística de Peter Tabichi serve para compreender que o professor é um dos centros fundamentais e decisivos do processo educativo.
Os pesquisadores Nicolas W. Papageorge e Kevin Thom publicaram a pesquisa “Genes, education and labor market: evidence from the health and retirement study”. Essencialmente, o artigo mostra que duas pessoas que tenham genes similares poderão ter Quocientes de Inteligência diferentes, isso se explica não por fatores genéticos, mas por fatores externos, especialmente se nasceram em famílias ricas ou pobres. Nascer em família pobre significa que somente 24% terá probabilidade de chegar ao ensino superior, por outro lado, nascer em família rica eleva esse percentual para 63%.
A ideia de meritocracia, portanto, é uma mentira, como bem escreveu Andrew Van Dam para o Washington Post acerca da pesquisa de Papageorge e Thom. É por isso que prover educação pública de qualidade equilibra o jogo da desigualdade. O caminho é ampliar e adensar o portfólio de oferta educativa em cada escola, apoiando-nos em políticas sociais complementares como alimentação escolar, transferência de renda e qualificação profissional para as famílias. Tais medidas possibilitarão que crianças e jovens de famílias pobres rompam essa barreira social.
Antes mesmo da existência de tal pesquisa, Anísio Teixeira compreendeu como ninguém o que deveria ser feito na escola pública brasileira, por isso foi perseguido e teve a morte engendrada pela Ditadura Militar de 1964. Todos nós somos eternos devedores das experiências educacionais de Anísio e quando um dia nossa escola pública for de excelência a ele devemos prestar reconhecimento.
Os desafios são conhecidos e não faltam estudos e pesquisas para nos fundamentar. Falta rumo, rota e comando. É do Quênia, na mãe África cantada por Chico César, que vem notícias para repor nossas esperanças.
O professor Peter Tabichi, 36 anos, foi o vencedor do Global Teacher Prize. Franciscano, doa 80% do salário para a própria escola onde leciona, a Keriko Secondary School, em Nakuru, zona rual do Quênia. Professor de matemática e física acreditou e investiu no talento dos seus estudantes, levando-os a vencer olimpíadas do conhecimento e a ter sua escola reconhecida como a melhor na área de ciências do país.
Estudantes de diferentes etnias, percentual deles órfãos, pobreza, fome, classes superlotadas, precariedades de toda ordem. Ainda assim, o professor liderou a mudança na escola. Isso é positivo, se reforça em nós a importância e o papel do professor, isso é negativo, se nos fizer crer que basta ter boa vontade.
O comovente depoimento que nos toca pela fé no trabalho e nas pessoas não pode nos fazer esquecer algo. O sucesso escolar para ser alcançado não depende do magistério como apostolado, depende do magistério qualificado, valorizado e empenhado no exercício de ensinar e aprender. A excepcionalidade quase mística de Peter Tabichi serve para compreender que o professor é um dos centros fundamentais e decisivos do processo educativo.
Os pesquisadores Nicolas W. Papageorge e Kevin Thom publicaram a pesquisa “Genes, education and labor market: evidence from the health and retirement study”. Essencialmente, o artigo mostra que duas pessoas que tenham genes similares poderão ter Quocientes de Inteligência diferentes, isso se explica não por fatores genéticos, mas por fatores externos, especialmente se nasceram em famílias ricas ou pobres. Nascer em família pobre significa que somente 24% terá probabilidade de chegar ao ensino superior, por outro lado, nascer em família rica eleva esse percentual para 63%.
A ideia de meritocracia, portanto, é uma mentira, como bem escreveu Andrew Van Dam para o Washington Post acerca da pesquisa de Papageorge e Thom. É por isso que prover educação pública de qualidade equilibra o jogo da desigualdade. O caminho é ampliar e adensar o portfólio de oferta educativa em cada escola, apoiando-nos em políticas sociais complementares como alimentação escolar, transferência de renda e qualificação profissional para as famílias. Tais medidas possibilitarão que crianças e jovens de famílias pobres rompam essa barreira social.
Antes mesmo da existência de tal pesquisa, Anísio Teixeira compreendeu como ninguém o que deveria ser feito na escola pública brasileira, por isso foi perseguido e teve a morte engendrada pela Ditadura Militar de 1964. Todos nós somos eternos devedores das experiências educacionais de Anísio e quando um dia nossa escola pública for de excelência a ele devemos prestar reconhecimento.
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