Jhonatan
Almada, historiador, escreve as sextas-feiras no Jornal Pequeno
O Governo Flávio Dino
completa 100 dias hoje. É necessário e fundamental fazermos um breve balanço
das ações realizadas e das perspectivas abertas para os próximos anos,
sobretudo quando as vozes do antigo regime insistem no não reconhecimento das
mudanças e inovações, bem como, insistem no achincalhamento do feito, nivelando
os outros por si mesmos. As cinco décadas de domínio dos Sarney não serão
resolvidas em 100 dias ou 4 anos, mas todo o esforço e a energia para realizar
essa mudança estão sendo aplicados com vigor e dedicação desde o dia 1º de
janeiro de 2015.
A herança negativa
recebida não é das mais tranquilas de se administrar. Ela é mais profunda e
poderosa que as tecnicalidades financeiras ou os passivos contábeis. Trata-se
da articulação e direcionamento de todo o Estado, desde os cargos até os
contratos de obras e prestação de serviços, para o enriquecimento de enquistada
elite local e o vislumbre de ignorância, conivência ou medo das maiorias. Os
agentes dessa elite, a cada dia que passa, vão sendo extraídos da confortável
zona de privilégios e exclusivismos. Reagem pelos vendilhões das mídias para
quem o valor nunca foi conceito filosófico com implicações para agir no mundo,
mas sim dinheiro suficiente para comprar-lhes.
Todo balanço pondera não
só as ações realizadas, como também os novos sentidos atribuídos ao Estado
enquanto administração pública. Entre esses sentidos está o cumprimento da lei
e o investimento prioritário dos recursos públicos na melhoria dos indicadores
sociais do Maranhão, com absoluta transparência nas ações e gastos, e foco na
garantia de condições dignas de vida aos mais pobres e excluídos. Elevar o
patamar de existência de cada maranhense é o desafio síntese que move e inspira
o governo. Cumprir rigorosamente a lei ante o arbítrio dos antigos senhores de
baraço e cutelo, representa grande avanço, estes são a “gente surda e
endurecida” cantada por Camões, jamais admitirão os avanços, embrutecidos na
marcha ré da própria vileza.
Há uma característica
diferenciada, pela primeira vez em muitos anos e governos, temos um governador
que se projeta nacionalmente pela sua ação e estatura. Não é uma projeção
baseada em trocas de cargos ou no jogo de bastidores das múmias e sabujos do
poder, mas assentada em capital simbólico de conhecimento e honradez de vida
pública, raríssimos na conjuntura atual. A defesa do Estado Democrático, contra
a onda conservadora e de direita, a luta pela Reforma Política e pela
regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas foram bandeiras empunhadas nessa
projeção.
As principais inovações
em termos de políticas públicas do Governo Flávio Dino foram os programas Mais
IDH (priorização de ações nos 30 municípios de menor IDH), CNH Jovem (concessão
de carteiras de motoristas gratuitamente), Escola Digna (substituição das
escolas de taipa por escolas dignas), Mais Bolsa Família Escola (pagamento de
bolsa para compra de material escolar) e o Maranhão Transparente (lei de acesso
à informação, força estadual de transparência, novo portal da transparência e posse
de novos auditores). Sem dúvida, o programa Maranhão Transparente é o que mais
incomoda àqueles e àquelas liderados pelo manobrista de Curupu. Estes são
incapazes de suportar a luz que republicaniza a coisa pública, pois ficam mais
confortáveis na penumbra do conchavo e da corrupção como no quadro das bruxas
de Goya.
Cito duas ações, a meu
ver, as mais simbólicas da mudança, a substituição democrática dos nomes de
escola que homenageavam os ditadores de 1964 e a realização de eleições para
diretores. A Escola como instituição de reprodução e produção da humanidade
sempre foi vilipendiada e instrumentada pelos grupos no poder. A
republicanização e a democratização da escola dispõem as bases estratégicas
para a emergência de outra cultura política no Maranhão.
Dante Alighieri na
Divina Comédia escreveu que um fio de ferro prendia as pálpebras daqueles que
expiavam o pecado da inveja. Esse sentimento toma conta daqueles que desejam
todos os bens do mundo, mas sofrem com a possibilidade da partilha. A caridade
no sentido de doar-se pelo bem comum é a única expiação da inveja, fora isso,
somente choro e ranger de dentes. Tenho perspectiva e convicção que a caridade
vencerá e elevaremos nossa realidade para outros patamares sustentados em
justiça, dignidade, democracia, igualdade e fraternidade.
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