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DEFENDER DILMA, DEFENDER A DEMOCRACIA



Jhonatan Almada, historiador

Tenho grande orgulho de ter participado da vitoriosa eleição de 2014, onde derrotamos a mais longeva oligarquia do Brasil e colocamos um projeto de mudança que está redefinindo a posição de nosso estado. Oxigenando o cenário local e inovando de forma significativa na implementação de políticas públicas, vamos, de forma vigorosa, recuperando a dignidade de ser maranhense e elevando a moral do povo. Trabalho árduo que não nos cansa. Cada vez mais nos energizamos para enfrentar e superar os problemas encontrados.

Nada disso seria possível se a democracia não fosse respeitada. Àqueles e àquelas que como eu, comeram muita terra e sal para materializar essa vitória devem saber que um golpe ameaça de morte a democracia brasileira. Derrubar a presidente Dilma em nome de sua impopularidade ou da suspeita de que esteja envolvida em corrupção é dos maiores equívocos da história recente. Quando fomos às ruas e retiramos Collor tínhamos certeza de que ele era corrupto. Nem o próprio irmão dele o acobertou. Tanto é verdade que ainda hoje Collor chafurda na lama de sua própria corrupção.  

A corrupção está sendo combatida de forma independente pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Poder Judiciário na medida em que não se contaminam com os diferentes lados do jogo do poder. A presidente Dilma não interfere nas investigações, respeita a independência dos poderes e das instituições. É claro que só um partido está reiteradamente denunciado, enquanto outros são poupados do rigor, da prisão e da mídia.

Retirar um mandato legítimo por não gostar da presidente ou por estar frustrado com a derrota de seu candidato na última eleição é a mais completa ausência de maturidade política e põe em risco nossa estabilidade democrática, conquistada a duras penas por milhares sacrificados pelo tacão da ditadura militar. É preciso respeitar a vontade soberana do povo manifestada nas urnas.

Quem se beneficia com a derrubada de Dilma? O PMDB de Michel Temer, o mesmo PMDB de Renan Calheiros, Eduardo Cunha e José Sarney. Em caso de novas eleições, Cunha assume temporariamente a presidência da República. Sem dúvida, os setores conservadores que hoje falam em salvar o Brasil, ganhariam a eleição e reiniciariam o projeto de “modernização”. Aécio desponta nesse cenário, quer ser presidente a qualquer custo. Venderão por trocados o que ainda temos de patrimônio público (Petrobrás será a primeira), irão interferir nas instituições judiciais, impedirão a conclusão das investigações e cortarão violentamente as políticas sociais.
   
Tenham certeza que derrubar Dilma significará um enorme retrocesso para o Brasil, mas sobretudo para o Maranhão. Irá revitalizar a oligarquia, se fortalecida implantará um governo paralelo aqui, boicotando de cima e por fora um governo em andamento. Derrubar Dilma significa entregar o poder nas mãos à escória da política brasileira, impaciente com as perdas e prisões, sedenta por voltar a comandar como nos velhos tempos.

Faço um apelo a todos e todas que guardam na memória o sentimento de ver sua vontade soberana frustrada. Não foi isso que fizeram aqui? Retiraram um mandato popular. Impediram que qualquer ministro viesse ao Maranhão. Fecharam todas as portas para parcerias ou transferência de recursos federais ao estado. Boicotaram o governo. Alguém tem dúvida de quem será beneficiado com a derrubada de Dilma? Desejam repetir essa história. À época não fomos às ruas, ficamos calados ante o desenrolar dos fatos, tamanha nossa complacência, indiferença e medo da oligarquia.

Coragem e à luta!

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