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Instituto Jackson Lago: celebrando a vida

Instituto Jackson Lago: celebrando a vida

O movimento cujo ponto de culminância é o Instituto Jackson Lago teve seu começo em junho de 2011, quando ex-integrantes e colaboradores do Governo Jackson Lago (2007-2009) começaram a se encontrar com o objetivo de resgatar, registrar e preservar a memória da administração estadual, interrompida pelo golpe judiciário de 17 de abril de 2009. Percebíamos que essa memória já estava sob o efeito de amnésia seletiva, silêncio midiático e ruminação detratora, em especial por parte daqueles que lhe deram peleja constante. Devíamos agir e agimos, de forma tempestiva e organizada.

A esse grupo, somaram-se os familiares de Jackson Lago (1934-2011), sobretudo Clay Lago e os filhos Igor, Luciana e Ludmila. Baseados em trabalho sério, colaborativo, dedicado e voluntário, em menos de dois meses esse grupo lançou o levantamento preliminar da Memória do Governo, publicado em CD e distribuído em agosto de 2011, em evento público de divulgação, realizado no Palácio Cristo Rei.

O fruto capital desse movimento foi a maturação da ideia de um Instituto que pudesse abrigar o volume de material já levantado e por levantar, bem como, laborasse como um espaço permanente de releitura do legado jackista e intervenção no debate público contemporâneo. Em 1º de fevereiro de 2012, após cinco meses de encontros semanais, o Instituto Jackson Lago foi formalizado em Assembléia Geral, a qual aprovou seu estatuto e elegeu sua primeira diretoria para um mandato de quatro anos. Historicamente legitimada a assumir essa liderança, coube a Clay Lago a Presidência do Instituto.

Em primeiro lugar é importante destacar o caráter pioneiro desse movimento. O pioneirismo advém do fato de ser a primeira instituição maranhense na forma associativa que se dedica, concretamente, a preservar a vida pública de um Governador do Maranhão, Prefeito da capital por três mandatos, Secretário Municipal e Estadual de Saúde, Deputado Estadual, Professor da Universidade Federal do Maranhão, médico.

Em segundo lugar, cumpre explicitar as 12 finalidades estatutárias: I. preservação e disponibilização da memória material e imaterial da vida pública de Jackson Lago; II. estímulo ao amplo conhecimento do Maranhão; III. promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da sustentabilidade ambiental, da democracia e de outros valores universais; IV.defesa da pluralidade e das diversidades; V. promoção da cultura; VI. produção e disseminação de informações e conhecimentos que contribuam com o debate sobre o desenvolvimento e a consolidação democrática no Maranhão, no Brasil e no mundo; VII. produção, publicação e divulgação de livros, revistas, jornais, teses, dissertações e monografias; VIII. construção de agendas públicas de estudos, pesquisas e debates; IX. estímulo a formação, expressão e mobilização política e social; X. premiação e divulgação de estudos, pesquisas e experiências governamentais ou sociais; XI. desenvolvimento de programas de cooperação internacional e XII. estabelecimento de convênios, acordos ou parcerias, com entidades congêneres e afins.

O poeta Manuel Bandeira afirmava que duas vezes morríamos: na carne e no nome. Na carne, por que ela é finita e seu epílogo é inescapável. No nome, por que acabada a vida, compassadamente deixamos de ser mencionados. A principal forma que os homens e mulheres descobriram para burlar a morte, celebrar a vida e honrar seus antecessores foi criando instituições. O Instituto Jackson Lago soma-se a esse esforço secular e atual enquanto um lugar da memória, da produção de conhecimento, da promoção dos valores democráticos, da defesa da pluralidade e da diversidade, da cooperação internacional e da construção da agenda democrática. Sintam-se convidados a construí-lo.

Por Jhonatan Almada, historiador e primeiro secretário do Instituto Jackson Lago

Publicado no Jornal Pequeno, 18 de março de 2012, domingo, p. 7

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