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REBOLATION

REBOLATION

José Reinaldo Carneiro Tavares, ex-governador do Maranhão


Roseana Sarney está em busca de seu quarto mandato, pois ilegitimamente ou não, ela exerce o seu terceiro. Portanto é uma tarefa incrivelmente difícil para os seus marqueteiros apresentá-la com características novas e tentar criar uma nova personalidade para ela, contrariando aquilo que sempre foi e é: uma pessoa arrogante que não tolera a sinceridade vinda de amigos, servidores ou adversários. Ela recebe as críticas com desdém, achando que seu sistema próprio de comunicações é tão forte que consegue impor a todos uma Roseana Sarney que não existe.

Isso vem de berço, não muda, está em seu DNA. Eu escrevi em artigo anterior que a governadora, muito abalada com a certeza de que vai ter de enfrentar Flávio Dino nas eleições, viajou para o Rio de Janeiro para se encontrar com Duda Mendonça, o marqueteiro com fama de mago, único serque ela acredita ter a capacidade de torná-la palatável como candidata ao governo.

Duda exigiu pesquisas qualitativas e detectou imediatamente que, entre outras coisas, ela é vista como uma pessoa arrogante, mandona e agressiva e uma mesquinha perseguidora de desafetos, capaz de usar tudo, tudo mesmo ao seu alcance, na luta para ter o poder.

Assim, o primeiro comercial do PMDB, sob orientação de Duda, foi tentar “criar” uma nova Roseana, em uma versão do famoso “Lulinha Paz e Amor” de 2002. Mas na ocasião, Lula era um político que ainda não havia exercido nenhum mandato de destaque, que podia se apresentar na campanha com uma imagem sem causar grandes contradições.

Roseana é muito diferente. Ela já exerceu o governo algumas vezes, atropelou todo mundo, agrediu adversários, criou jornais nanicos e temporários para caluniar adversários e fez de tudo para conseguir um golpe de estado jurídico para tomar o governo. Conseguiu com isto uma decisão que violentou a Constituição brasileira e, mesmo perdedora nas eleições, assumiu o governo do Maranhão. (Basta ver o que disse o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, em entrevista reproduzida em meu Blog).

Como querer apresentá-la como uma pessoa dócil, de boa paz, lamentando a agressividade (que ela e a sua família trouxeram para a política) da atual política maranhense? Como isso pode ter alguma coerência? É Duda tentando fazer alguma coisa e honrar o seu contrato...

Um experiente amigo mandou-me essas considerações sobre o fato:

“Eu acho que ele deu mancada.Tentou trazer o mote de “Lula Paz e Amor” para ela, mas há uma diferença monstruosa. Em 2002, Lula era mudança realmente, precisava mudar o estilo devido a tanta taca que entrou. Roseana Sarney é o continuísmo do 4º mandato. Ademais, ela prega união, mas desde que isso seja para lhe dar um quarto mandato. Quem está no poder há tanto tempo, não tem legitimidade para falar em mudança de práticas políticas, pois já teve sua chance inúmeras vezes e não fez. Qualquer outra união de políticos é ódio, rancor, intriga.”

E o Uchoa em seu Blog, escreve:

“No início desta semana, a governadora, que deixou claro seu desespero em relação à eleição de outubro próximo, surgiu em programa político para denunciar o cabo de guerra que domina a política maranhense. “Nós, que somos eleitos pelo povo, precisamos parar com esse clima acirrado”, declarou com desfaçatez a filha do presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP). Se há acirramento na política do Maranhão, a culpa maior recai sobre o coronelato comandado pelo ex-presidente Sarney, que tem pressionado o presidente Lula da Silva para que reverta a decisão do PT maranhense. É bom lembrar que o experiente Lula só se aproximou de José Sarney por necessidade política. E isso a história não nos deixar mentir.”

Penso que mais fácil do que tentar mudar a personalidade de Roseana é trocar de candidato e ela ceder o lugar para outro do seu grupo. Com ela é muito difícil até para o Duda. Mas fora da família, para seu grupo, não há solução.

O senador José Sarney, conversando com políticos, disse que uma intervenção no PT do Maranhão é, sem dúvidas, um enorme desgaste. Mas acha que o povo esquece e dentro de algum tempo ninguém se lembrará mais. O verdadeiro desgaste, segundo ele, é enfrentar Flávio Dino apoiado pelo PT. É crescente o pavor de enfrentar o deputado federal em uma eleição para o governo do Maranhão.

Como a familia Sarney pensa que tudo vale pelo poder, não me surpreendi quando uma jornalista da Folha me ligou e na conversa falou-me que o Joé Eduardo Dutra, presidente do PT, teria dito a ela que o PSB do Maranhão, na sua reunião da semana passada teria atacado violentamente a Dilma.

Eu lhe disse que o problema do Dutra é que ele só ouvia o Sarney e que na reunião do PSB ninguém atacou a Dilma, No referido evento tratamos apenas da política do estado e do apoio a Flávio e que isso era apenas para forçar a intervenção no PT do Maranhão.

O jogo é muito sujo e usam mentiras como verdade para tentar nos jogar contra Lula e Dilma. É o medo que os obriga a tudo isso! Além da falta de compromisso com a candidatura de Dilma que, na verdade, sofrerá as conseqüências da intervenção.

Continuando nossa história, foi um grande acontecimento político o evento que marcou a data de um ano do golpe judiciário que tirou Jackson Lago do governo e colocou Roseana Sarney em seu lugar. E serviu para demonstrar que esse foi um ano perdido para o Maranhão, de regressão em seu desenvolvimento, de baixo emprego, do caos na saúde, na educação e na segurança pública, tudo por culpa direta da governadora Roseana Sarney, indolente como sempre.

Foi uma reunião vibrante e de muita emoção que serviu para mostrar que as oposições estão unidas e assim marcharão nas eleições.

Foi gratificante ver e participar da homenagem a Jackson Lago, esse homem injustiçado, mas que mantém força política considerável para almejar sua volta ao governo, como demonstrou.

E para finalizar, enfatizo a fraqueza política da governadora o ocorrido outro dia quando ela esteve em Imperatriz. Roseana Sarney quis visitar 3 quilômetros de asfalto que o governo proporcionou à administração municipal, isto depois de tomar os recursos do convênio em que Jackson dara 15 quilômetros à cidade. O prefeito Sebastião Madeira foi com ela e entrou na primeira casa. Ele perguntou à moradora se ela estava satisfeita com o asfalto. A moradora respondeu que sim, mas que se ele pedisse votos para Roseana, disse-lhe que jamais votaria nela. Assim mesmo. De corpo presente. Como se diz por aí: “na lata”!

Duda, tenta o “rebolation”!

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